Sábado, Agosto 09, 2008

Muitas Mulheres - by Ella Spotlessmind

Eu me pergunto sem parar que tipo de pessoa eu sou e todas as vezes que faço isso, encontro alguém diferente.
Uma vez, de brincadeira, eu disse que sou muitas e sou única e sempre haverá mais de mim. Foi a verdade mais profunda que jamais saiu de mim. Eu posso contar um milhão de histórias de mulheres completamente diferentes, que o mundo juraria que nem se conhecem, e a surpresa final seria saber que todas elas sou eu.
Eu sou essa pessoa que imagina histórias e as vive e vice-versa. Algumas são puro besteirol e eu me mato de rir lembrando delas, outras são tristes de arrancar lágrimas de um iceberg, outras tão românticas, emocionantes e empolgantes a ponto das pessoas dizerem “ah…como eu queria viver algo assim.” E eu vivi.
Vivi mais “Coisas da Vida” do que a Me pode escrever. Vi a lua em vários lugares do mundo e fiz dela testemunha das minhas loucuras -- e só ela viu o que eu vi, só ela ouviu o que eu nunca vou esquecer.


Vivi paixões e histórias tórridas que colocariam "9 Semanas e Meia de Amor" no livro da Mamãe Gansa. Acordei ao lado de amores antigos que eu não veria nunca mais, adormeci no peito de quem estaria ali para sempre.
Amei incrivelmente, homens com caráteres, personalidades e histórias diferentes. Amei escondido, amei errado, fui a outra, fui a única, fui mais uma. Desejei pessoas que nem sonham com meus desejos, outras que sabem de cor meus pensamentos mas jamais me tocaram – e não tocarão. Chorei no carro, no meio fio, na escada do prédio, no elevador, na cama, na estrada, no ombro do desconhecido, de amor, de tristeza, de alegria, de emoção, de decepção profunda. Fui santa, fui perversa, fui pervertida. Fui rainha e fui ninguém.

A cada história que conto, lembro-me de outra que não contei. Fiz coisas não-contáveis, incontáveis vezes e de novo. Fui à igreja, ao centro espírita, ao terreiro de umbanda. Rezei para deus, Cristo, Santa Rita, Iansã e Maria Padilha. Sentei na mesa dos nobres, bebi com a burguesia, andei com os pobres. Vivi todas essas mulheres toda a minha vida e elas foram felizes. Elas brincaram com fogo mais vezes do que eu sozinha poderia. Traíram e foram traídas, amaram e foram amadas. Disseram verdades que ninguém acreditou, contaram mentiras que jamais foram descobertas, omitiram fatos, revelaram tudo. E foram loucas!

Umas amaram meninos, outras conquistaram prêmios, umas criaram deuses, outras beijaram demônios. Em algumas me reconheço, em outras mal me vejo…mas todas tinham um traço em comum: a minha alma – essa alma imensa, capaz de abraçar o mundo inteiro sem distinguir certo e errado. Essa alma feita dos milésimos de segundo do pensamento do universo, que insiste em se deitar, se espalhando pelo mundo como um véu transparente, que acha que pode dividir-se em milhares e doar-se, e mesmo assim, estará inteira.
Toda vez que alguém se espanta com algo que vivi, eu me pergunto que tipo de pessoa sou . Eu sou isso: Única e muitas…um véu transparente encharcado de vida, feito dos pedaços diversos de mim.


Colaboração: Ella Spotlessmind

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Quinta-feira, Julho 10, 2008

Dear Therapist,


Depois do post aí embaixo eu achei injusto dizer que você leria os textos balançando a cabecinha e fazendo tsc tsc. Acho que seria justo economizar o seu tempo e dar de uma vez a lista das conclusões que você vai tirar ao adentrar as portas da minha intimidade pública. Assim você não precisa ler os 237 textos postados aqui. Veja que bacana que eu sou. Tentemos uma análise por post.
Vamos à lista:

1. Um Tango para George - mini-novela em 9 capítulos e meio:
Você vai dizer que eu projetei uma história que eu gostaria que acontecesse comigo, porque falta algo na minha vida, blablabla. Juro que eu nunca pensei em ficar com o George Clooney. Sério.

2. Protect me from what I want
Você vai ficar feliz por eu ter consciência da minha esquizofrenia light.

3. A Mão Grande do Amor da Minha Vida
Você vai achar que eu preciso de proteção paterna...que eu me sinto desamparada...mas eu te adianto que se eu "desamparar" o resto da casa cai, minha nega.

4. Daren e Mariana
Vish...no mínimo vai chamar o hospital psiquiátrico. Mas eu quero levar o clubinho junto!

5. Eu que sou chata?
Você não vai dizer nada porque eu aposto que você também manda uns pps. hehehe

6. Medo
Divirta-se com esse. É sério e tem trabalho pra você nele.

7. Se iludir menos?
Você vai dizer que eu vivo à busca de uma outra realidade, como se ela fosse a minha referência de vida, mas não necessariamente a vida que eu quero. E que isso é um leve sintoma de esquizofrenia...não...bipolaridade? Não...talvez só uma infantilidade mesmo, mas vamos falar sobre a sua infância...

8. Insanity
Oh my God, essa vai te arrepiar os pelinhos da orelha! Pobre, pobre, pobre e atrapalhada Mercedes, perdeu a bússola há anos e nem se deu conta. Ou se deu conta mas está achando graça do que pode na verdade ser terrível.

9. Pessimismo
Sim sim, você vai dizer que eu nego o comportamento das mulheres da minha idade porque eu me recuso a envelhecer, amadurecer, enchatecer, etc...Não é verdade. Eu só não sou igual a elas. Period.

10. Vida leva eu...
Talvez você cale como até eu calei agora quando reli este texto.

11. Desabafo de Ella Spotlesmind
Ai ai ai...vai ser um saco ouvir tudo o que você vai ter pra dizer. Vai ser péssimo ouvir o que eu já estou careca de saber. Céus! Eu tenho 47 anos; se eu não me conhecer, quem há de?
Mas hey! Ella não sou eu...Ha!

12. Inexistência
- Mercedes, me conte esta história....
- Nunca! "Não quero falar de você. Não lembro. Não sei quem é."

13. A Outra História
...

14. Coisas da vida 1, 2, 3, 4, 5, 6
...

15. Feijões
"Quem você pensa que é para tornar tudo tão simples?"

Olha, eu tenho certeza que você tem muito mais o que ler.
Não adianta ler os meus textos tentando me analisar. Em cada um deles eu estou inteira. Em cada história, cada frase, cada linha.
Não há como dissecar algo que se apresenta inteiro. Para facilitar o seu trabalho, vou dizer: em duzentos e poucos textos, mais o TPM, o in english e os outros, eu sou eu e sou muitas. Não há Aaron Beck que possa mudar isso. E se ele tentar eu grito!

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