Fortaleza
Eu reparei que aos 42 anos comecei a construir uma gaiola. Aos poucos fui pintando as grades da cor do céu que me cerca, fui acrescentando um pouco de conforto, boa comida, água fresca, tentando fingir que eu nada construía, e de pedra em pedra, de barra em barra, construí uma fortaleza ao meu redor. Uma fortaleza de paredes sólidas para me proteger.
Nos últimos cinco anos, acho que vivi sim trancada dentro deste forte, tentando me poupar - não me privar - de ver que ali fora alguns maus espíritos transitam para lá e para cá, algumas coisas são feias, algumas pessoas são más. Acho que é isso que meu marido quer dizer quando repete que eu vivo num mundinho cor-de-rosa (deus conserve!). Claro que é.
Pois meu mundinho cor-de-rosa existe sim. Só que deixei janelas abertas nas paredes para que minha voz fosse ouvida.
E foi assim, escrevendo o que eu penso e jogando pelas minhas janelas, que vivi esses anos últimos...como a bruxa do castelo, a fada da gruta, ou a princesa da torre; depende do dia. Foi só quando cheguei aqui, quando terminei de levantar as paredes, que eu consegui gritar mais alto e ser ouvida. Foi só aqui que eu descobri quem eu sou e para quê eu sirvo. Daqui de dentro fiz amigos. "Hello stranger..." isso mesmo, estranhos vindos de lugar nenhum, vindos de todo lugar, vindos do céu que me cerca, e eu posso chamá-los de amigos. Foi daqui que eu pude buscar os amigos deixados para trás, resgatar pessoas que eu sempre adorei, me aproximar delas como a vida lá fora jamais permitiu.
Aí estes amigos estranhos, essas pessoas distantes e ainda tão próximas, falam de luz, de ser imprescindível, de ser única, vêm buscar nas minhas palavras o que às vezes falta às delas...e eu vejo que só depois de aprisionada eu fui realmente livre.
Hoje fazem 47 anos que eu comecei uma busca até então sem fim. Achei.
Nos últimos cinco anos, acho que vivi sim trancada dentro deste forte, tentando me poupar - não me privar - de ver que ali fora alguns maus espíritos transitam para lá e para cá, algumas coisas são feias, algumas pessoas são más. Acho que é isso que meu marido quer dizer quando repete que eu vivo num mundinho cor-de-rosa (deus conserve!). Claro que é.
Pois meu mundinho cor-de-rosa existe sim. Só que deixei janelas abertas nas paredes para que minha voz fosse ouvida.
E foi assim, escrevendo o que eu penso e jogando pelas minhas janelas, que vivi esses anos últimos...como a bruxa do castelo, a fada da gruta, ou a princesa da torre; depende do dia. Foi só quando cheguei aqui, quando terminei de levantar as paredes, que eu consegui gritar mais alto e ser ouvida. Foi só aqui que eu descobri quem eu sou e para quê eu sirvo. Daqui de dentro fiz amigos. "Hello stranger..." isso mesmo, estranhos vindos de lugar nenhum, vindos de todo lugar, vindos do céu que me cerca, e eu posso chamá-los de amigos. Foi daqui que eu pude buscar os amigos deixados para trás, resgatar pessoas que eu sempre adorei, me aproximar delas como a vida lá fora jamais permitiu.
Aí estes amigos estranhos, essas pessoas distantes e ainda tão próximas, falam de luz, de ser imprescindível, de ser única, vêm buscar nas minhas palavras o que às vezes falta às delas...e eu vejo que só depois de aprisionada eu fui realmente livre.
Hoje fazem 47 anos que eu comecei uma busca até então sem fim. Achei.
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