Terça-feira, Fevereiro 09, 2010

_domésticas


Já se foi o tempo que meus assuntos eram nobres.
A vida real me engoliu de um jeito que derrubou meu ar de semi-deusa e eu agora tenho problemas de simples mortais. E meu problema agora chama-se empregada.

Então, estou em busca de uma. Eu já tenho a Ritinha, mas ela está ficando obsoleta. Depois de oito anos, ela virou patrimônio da família e a gente não deixa que ela faça serviços mais pesados, nem nada que possa piorar a situação já lamentável da coluna dela. Ritinha é protegida de todos nós e ponto. Preciso de alguém para fazer o que Ritinha não deve fazer, sem Ritinha perceber...ou seja: Ritinha não é mais exatamente uma empregada. É a tia que cozinha bem e vem aqui todo dia.
Uma vez eu tive a Luzia. Luzia não era uma mulher, era um SER de dois metros por dois e meio. A circunferência do peito dela fazia a fita métrica ficar deprimida. Forte como um leão, carregava qualquer coisa sozinha, arrastava piano, subia escada com qualquer peso, e limpava minha casa como ninguém. Mas eu tive que mandar a Luzia embora para ela não ir para a cadeia, depois de roubar e facilitar o roubo de um incontável número de objetos eletrônicos de fácil comercialização da minha própria casa: máquina fotográfica, PSP, GPS, barbeador, fotômetro....pera! Fotômetro não é fácil de vender! Mas ela levou...o fotômetro e o manual em inglês. O manual em japonês ela deixou pra mim. Além de levar todas essas coisas e deixar as bolsas, cases e embalagens, para que a gente levasse tempo para dar falta, ela também mentia. Mas mentia! Me pediu dinheiro para tirar a mãe do hospital...aos prantos. Emprestei o dinheiro para ela e uma semana depois a mãe liga:
- Como vai? A senhora está melhor?
- melhor do que?
- a senhora não esteve no hospital?
- Deus me livre, minha filha, eu não passo na porta de um hospital há 30 anos, graças a deus.

Eu devo ter a palavra "TROUXA" piscando em neon na testa.
Anyway...juntando Rita e Luzia, pode-se criar uma nova língua. Tanto na fala, quanto na escrita, o talento para criar palavras é incrível.

- Olha um pudinho! (filhote de poodle)
- É um circo viçoso... (acho que dispensa tradução)
- Ele é um INS-PRI-TO de porco! (assim so-le-tra-di-nho)
Na lista de supermercado: manregicão, varge, ribingela (what?), bolbril, verja, indinzinfentanter, sarzinha e sebolim, molo choi (shoyu), papel ingenco (ou ginenco, depende do dia). E meu santo nome, que varia de DôMercê a DonMecedi também dependendo do dia.
Mas a melhor história de todos os tempos veio da Luzia: existe uma doença que dá em recém-nascidos chamada "Mar de Marcioto". Mar vem de Mal. Então é marrr, R com som de "ãr", pra dentro, de caipira.
Então o irmão dela "quase arruinou" quando nasceu, porque pegou mar de marcioto, mas a mãe dela - que deve ser tão macumbeira quanto ela - sabia uma simpatia que é a única coisa que cura mar de marcioto depois que "os médico desengana". Simples: você leva a criancinha para debaixo de uma árvore, tira a roupa dela e coloca ela - a criança - direto na terra...na grama, ou o que for. Aí você pega uma faca (aqui você insere a imagem da minha cara horrorisada ouvindo a história) e corta a criancinha...NÃO! não a criancinha...você vai cortando a terra em volta da criancinha, fazendo o formato dela. Aí, você desenhou a criança na terra, então a doença passa pra criancinha desenhada...e você pode tirar o seu nenem dali que ele ta curado. Isso! Você enganou a doença. Ha!
Eu passei dias tentando achar no google qualquer nome de doença que fosse parecida com Marcioto, sem nenhum sucesso. Mas ela continuou dizendo que eu podia perguntar pra qualquer médico que eles sabem, e sabem que não tem cura.

A vida era mais divertida com a Luzia por perto. Ela fazia macumba pra chover, pra parar de chover, pro Claudio acordar logo que ela tinha que ir embora cedo, pra tudo e pra todos. Pra mim inclusive. Acendeu mais vela na minha casa do que todos os terreiros de Salvador em dia de Nosso Senhor do Bomfim. Mas eu ria mais naquela época.

Pós Luzia, já passaram três por aqui. Nenhuma delas divertida, nenhuma delas trabalhadeira, todas sensíveis demais...e eu preciso de alguém ontem.
Agora me resta entrevistar empregadas e não existe coisa mais bizarra do que uma entrevista de empregada. Segundo o Franc Souza, não precisa pedir currículum nem perguntar qual é o livro de cabeceira. Este seria o questionário padrão:

1) Usa muita Q Boa?
2) Omo ou Minerva?
3) Com pense ou sem pense? (pensa no que faz de almoço?)
4) Sabe diferenciar roupa branca de roupa de cor?
5) Poblema ou pobrema?
6) Sabe fazer bife a milanesa ?
7) Feijão?
8) Arroz soltinho?
9) Arrumar cama?
10) Persegue a novela?
E eu acrescentaria:
11) fuma? (Por que eu fumo...mas odeio cheiro de cigarro, então empregada minha não fuma nem la fora!)

É um saco...
A gente quer saber com que a filha namora, se é de família boa, se tem vícios ou não; analisa a ficha cadastral dos clientes, vive investigando tudo e todos para não dar passos em falso, mas na hora de escolher empregada vale sempre o mesmo critério: ir com a cara. E lá vou eu errar de novo com certeza, porque eu não nasci pra isso...isso tem que ser passageiro. Help!





Letreiro de letras miúdas igual àqueles de final de comercial de varejo de carro que tomam metade da tela:
Amiga, se você/sua mãe/avó/tia/vizinha é/foi/talvez venha a ser empregada doméstica, saiba que este texto não pretende ofender a ninguém, muito menos a você. Se você fez faculdade graças ao esforço da sua mãe/avó/tia/você mesma, acho lindo. Mesmo! Mas por favor não seja chata e não poste comentários me chamando de preconceituosa porque, quer sua mãe/avó/tia/você mesma queira quer não, existem empregadas engraçadas e o fato de você não gostar não muda isso. Se seu problema for com o termo "empregada" sinto comunicar que "empregada" é a nomenclatura usada para denominar "empregada doméstica", o que não acontece com "assistente" ou "secretária" que são funções totalmente distintas, exercidas fora do ambiente doméstico . Eu não gosto e não uso os termos politicamente corretos porque acho todos eles mais preconceituosos do que tudo. Preto não é moreninho nem de cor, até porque é de cor PRETA ou MARRON no mínimo. Gordo não é fisicamente avantajado, é gordo, que vem de gordura, que é o que faz ele ser gordo. Fisicamente avantajado é haltereofilista, esse também fica impotente, mas é outra historinha. Velho é idoso, não é "da melhor idade". Melhor idade é 30, é 25, é 40. 80 é a pior idade. Então vamos combinar que empregada é cargo e não xingamento. E não vem ser chata no meu blog porque, antes que eu me esqueça: 1. talvez o preconceito esteja na SUA cabeça e não na minha 2.esse papo é muito chato fora da novela das oito - que também é chata.




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Segunda-feira, Março 02, 2009

intelectualidade x liberdade

Deixa eu contar que toda vez que eu encho o saco da minha filha dizendo que ela precisa assistir filmes de adulto, parar de ouvir musiquinha pop, jogar fora os DVDs de "High School" filmes, no minuto seguinte me bate um tremendo remorso...
Ah...amnésia materna! Esqueci que até os 17 anos eu era uma boboca pop sonhadora que gostava de filminho adolescente, não tinha estilo definido e não sabia quem eu era. Hey! Mas eu ERA adolescente! Foi aos 17 que arrumei um namorado intelectual-estudante-de-arquitetura-dos-anos-70-comunista, e a minha fama de intelectual começou. Sim, claro! Ele me ensinou coisas que pai e mãe não devem ensinar (uia!) e o convívio com ele modificou muita coisa em mim. Pena que hoje, após se tornar um pai de família e ter lá seus 50 anos, ele não passe de uma pessoa mediana, chata, moralista e...lógico...com amnésia!
Ter namorado esse moço me rendeu o estígma de "intelectual da família". Depois eu entrei fundo no mundo da publicidade e tudo se perdeu de uma vez: namorei outros QI's superiores, fui obrigada (entre aspas) a conhecer outro mundo, assistir Buñuel, Fassbinder, Win Wenders, Fellini, Saura, Bergman, mergulhar no mundo da arte, mudar o gosto musical, ouvir mais Jazz, mais Blues, mais bandas e poetas revoltosos, donos das mudanças do mundo.
Nada disso doeu porque nada disso foi forçado. Assim como o meio termo libriano também não é forçado.
Eu explico: não existe nada mais complicado para mim do que a NÃO MUDANÇA. Assumir um lugar do lado de lá do muro seria a pior das dores pra mim. Como assim eu vou ficar do lado de cá sem saber o que tem do lado de lá? Eu preciso das duas coisas. Sempre foi assim. Passei grande parte da vida entre dois lados - não em cima do muro -. Eu era normal demais para andar com os malucos, maluca demais para andar com os nerds. Numa briga tem sempre dois lados, na beleza também, nos tipos de inteligência que as pessoas têm, em tudo...tudo tem dois lados e você está certo por um lado, mas ele está certo pelo outro e so it goes...Assim sou eu: eternamente vendo o que tem de bom em cada coisa, o que faz com que nada seja de todo ruim.

Well, mas voltemos à intelectualidade. Ela é linda! Ver o mundo pelos olhos de quem pensa diferente é maravilhoso, se fosse realmente assim. Porque a verdade é que, assim como a ignorância, a intelectualidade aprisiona. Cria opiniões formadas e preconceitos: você vê novela? É medíocre. Você gosta de RAP? Ui...que irritante. Você gosta de comédia romântica, não gosta de Caetano Veloso, acha que o Chico canta mal, detesta filme de arte? Ui...que ignorante!
Ignorante my ass! Que LIVRE você é! Que liberdade maravilhosa poder achar o Caetano Veloso um chato e dizer isso mesmo vendo o nariz torcido de quem esquece de se questionar há milênios. E amar Bergman. Que delícia perder uma tarde vendo filme da Meg Ryan anos 80, escapista, bonitinho! Que delicioso devorar os quatro livros da série Twilight e se apaixonar pelo Edward Cullen com toda a sua alma! (e a minha também)
Ah, que mediana eu sou! Deus salve a mediocridade se ela me der tanto prazer! Deus salve a minha cultura quando eu andar por Barcelona e chorar dentro da Sagrada Familia. Deus continue me dando discernimento para saber o que é ruim e o que é profundamente agradável aos olhos e ao coração, mesmo que seja uma obra consagrada. Que eu continue sabendo que os críticos da Folha de São Paulo são uns recalcados sem noção que acham MESMO que "Se eu Fosse Você 2" é melhor do que "Quem Quer ser um Milionário" ou "Benjamin Button". Ah! Deus conserve a minha ignorância!
E tudo isso foi só pra dizer pra minha filha ficar tranquila, porque vai chegar o dia que ela vai descobrir o outro mundo - o mundo mais complicado. E vai chegar o dia dela crescer e ter opiniões inflamadas, e namorados revoltados, e grupos de discussão sobre o destino da humanidade, etc etc etc...mas tem tempo, Natasha. Aproveita enquanto tudo é perdoável. A adolescência já é cruel demais sem a prisão da intelectualidade. Ou a sua liberdade.

E no fim das contas, veja por mim, o Raul Seixas é quem tinha razão: bom mesmo é ser essa metamorfose ambulante.
Me larga! Eu sou livre.

Um beijo amigo no seu umbigo intelectualóide.


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Segunda-feira, Fevereiro 16, 2009

Alô?

"Eu gostaria de falar com o Sr. Mercedes."
"Pode falar...é ela."
"Ah...nossa...é que aqui dizia Mercedes, então eu achei que fosse SENHOR."
"Como assim?"
"É...pensei que fosse um senhor, Mercedes."
"Mas Mercedes é nome de mulher."
"É? Não sabia...achei tão diferente..."
"E me ligou para...?"
"É que a revista Isto É está com uma campanha de incentivo à leitura...a assinatura vai sair por só 6 vezes de 35 reais."
"Puxa que bom...mas aqui em casa ninguém lê."
"Não?"
"Não...obrigada."


"Alô...?"
"A Senhora Menezes se encontra?"
"Não tem ninguém com esse nome."
"Não?? E o Tiago?"
"Também não tem Tiago."
"Ai...é da telefônica, eu sou o técnico, precisava terminar um reparo..."
"Não seria Mercedes? Diogo?"
"Ah...isso!"


"Por favor o Senhor Diogo?"
"Ele não se encontra...são 3 horas da tarde...ele trabalha."
"A que horas eu posso encontrá-lo?"
"A que horas você chega na SUA casa?"
"Não importa, Senhora...a que horas ele se encontra?"
"Depois das 9."
"Só trabalhamos até as 18, senhora."
"O que você quer que eu faça?"
"Tem um telefone onde eu possa encontrá-lo?
"Alguém liga pra você no trabalho?"
tuuu. tuuuu. tuuuu. tuuuu...


"Alô? Senhor Luiz?"
"Não."
"O Senhor Luiz se encontra?"
"Ah!...não."
"A que horas ele chega?"
"Não sei...ele não mora aqui."
"Mas ele chega em algum momento?"
"Ele não mora aqui."
"Sim, mas ele vai aí as vezes?"
"Só se vem escondido, porque eu não conheço nenhum Luiz."
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuuu.

"Senhora Mercedes, então, daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar para a senhora...a senhora explica que falou comigo - o Jean - e que quer cancelar as assinaturas...ela é uma mocinha muito simpática...a senhora explica para ela. Assim ela cancela as assinaturas e bloqueia os seus cartões para nunca mais acontecer de a senhora receber revistas indesejadas, está bem? Então...daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática vai ligar...a senhora atende, entendeu? Daqui a uns cinco minutinhos, uma mocinha muito simpática..."
"ENTENDI, JEAN! CHEGA!"

No dia seguinte...

"Alô?"
"Senhora Mercedes? O Jean da editora me pediu para ligar para a senhora para confirmar as assinaturas das revistas Isto É Gente, Menu, Planeta, blablablablabla"
Tuuuu. Tuuuu. Tuuuu.

Me diz pra que é que eu ainda atendo telefone!

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Sexta-feira, Novembro 14, 2008

Eu mereço!


Foi feita uma pesquisa na Inglaterra ano passado que constatou que entre as coisas mais chatas do mundo estão: 1. Telemarketing 2. James Blunt, nessa ordem. Eu estou pensando seriamente em ligar pra quem fez essa pesquisa pra dizer que eu concordo, mas até jogaria o James (You're Beautiful, Same Mistake, clipe chato, voz insuportável, música enlouquecedoramente repetitiva) para terceiro lugar só pra poder incluir corretor de imóveis. Como diria Cersibon: "Meldels!!", que saco!
Funciona assim: um dia você e seu marido se olham e dizem um para o outro.
- Será que não era bom a gente dar uma olhada numas casas ou nuns terrenos pra comprar?
- É...talvez...

Eles escutam! Juro! Eles escutam pensamento. Escutam o mais remoto desejo que possa passar pela sua cabeça quando você vê uma casa bonitinha..."assim é legal". Ferrou! Não estamos sozinhos!! Em no máximo um dia o seu telefone começa a tocar. Aquele primeiro corretor que te mostrou uma casa para alugar há seis anos, lembra da sua existência. Aquela outra que jura que é tua amiga...mas amiga AMIGA, de ir junto no banheiro e segurar a sua bolsa...de pedir O.B. emprestado no meio da festa...essa também surge das cinzas e não para de ligar.

Mas até aí tudo bem, já que você queria mesmo ver uma casa. O problema não é nem esse. O problema é que você diz que tem, por exemplo, 100 reais para comprar uma casa. Ótimo...eles ouviram, eles anotaram, eles entenderam, mas misteriosamente eles só te levam para ver casa de 200. Deve ser um truque de psicologia alá Lair Ribeiro, para você ir para casa arrasado se achando a criatura mais pobre do mundo, pedir pelo amor de deus pro corretor te ajudar a encontrar algo que você possa pagar, e a partir daí aceitar qualquer coisa. Tipo hospital sabe? Um velho amigo dizia que quando você entra no hospital, a primeira coisa que fazem é uma lavagem intestinal, assim você perde completamente o amor próprio e depois disso permite tudo.
Fora o truque da casa que não é para o seu bico -- que na verdade na verdade é porque eles acham que você tem mais, mas não quer contar -- eles nunca levam você para ver uma ou duas casas. São cinco, seis, e a maioria está ocupada, o que faz com que a visita seja mais longa, uma conversinha aqui...uma explicação ali... "Esse dormitório pode virar suíte se você quebrar essa parede, mas meu marido não quis, porque a mãe dele blablabalbla..." "Só um cafezinho..." No fim do dia você está podre, não sabe mais que casa era qual, qual custava quanto, e se ouvir o telefone tocar vai defenestrar o coitadinho com medo que seja outro corretor. Sabe aquela sensação esquisita de estar numa excursão com 35 secretárias executivas que usam perfume doce de manhã? Você se vê ali no ônibus, escuta o assunto delas, vê a tralharada que elas compraram e pensa "Jesus, eu quero morrer!"? É bem assim.
Mais ainda tem o Blablabla: a casa é bonitinha...mas é cheia de mármore bem brega, você chega na sala e a primeira coisa que vê é um muro de 20 metros no fundo do quintal, o andar de cima parece um apartamento, os banheiros são ridículos de tão pretenciosos, e ela custa aquele seu dinheiro vezes três.
- WHAAAT? Por que?
- É no condomínio X...!
- Espera...é no condomínio X! Isso quer dizer terrenos pequenos, não tem como abrir uma janela sem dar de cara com alguém que não mora com você. Hello?
E se a casa é no condomíno Y, a desculpa para o preço varia: "Mas esse condomínio está na moda! Até o (espaço reservado para nome de celebridade brega) mora aqui!!" Mas quando você fala que viu uma casa boa no condomínio Y e estão te empurrando aquela do X, a história vira:
-"Você não quer morar no condomínio Y! Aquilo tá super desvalorizado..."


Blablablabla.
E o incrível é o mal gosto latejante! Eu avisei! Há 15 anos, quando eu disse que essa história de espalhar o axé por aí, achar que a brasilidade está "na boquinha da garrafa", e que Funk carioca é uma manifestação musical válida...eu avisei! Eu disse que assim que a Viviane Araújo e a Carla Peres ganhassem um Jaguar, a classe média ia usar calça branca. Eu avisei! Pois tá aí...usa. Usa calça branca e mármore na sala, no banheiro, na cozinha, na churrasqueira (oops! espaço gourmet)! Muito mármore, colunas na fachada, muito corrimão dourado pra "orná" com o mármore...Aí o corretor diz "olha o acabamento dessa casa!" e eu penso "a pessoa gastou uma fortuna pra encher isso aqui de coisas que eu vou tirar. Se não fosse isso, dava pra comprar a casa por "dez real", parcelado em 48 meses e tava tudo lindo".

Moral da história: se um dia eu quis matar todos os atendentes de suporte técnico, hoje eu viro a minha mira para os corretores de imóveis. De todos os que falaram comigo, só um foi honesto, competente, direto, claro e não me fez olhar em volta para ver se eu não tava numa concessionária picareta de carro usado. Para minha surpresa, não usava gravata nem perfume doce. Era uma pessoa com cara de quem trabalha, roupa de quem dá duro, e o carro todo ferrado. Morte a todos os outros!

Bom fim de semana.

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Quinta-feira, Setembro 18, 2008

Quem perguntou?

Ninguém perguntou, mas eu vou contar como andam as coisas aqui no reino de Mercedes.

. Toda blusa é uma bata.
. Tem poeira em todos os cômodos.
. Estou dormindo no quarto de hóspedes, porque chegou a hora de pintar o meu quarto.
. Toda calça cai se eu andar rápido.
. Meu closet segue trancado porque agora eu estou com medo que roubem mais alguma coisa.
. Toda vez que eu preciso pegar uma roupa, esqueço de pegar a chave.
. A cozinha tem cheiro de tinta esmalte.
. A escada ainda está forrada com papel craft.
. O banheiro do quarto de hóspedes não comporta este casal espaçoso.
. Meu carro vai demorar quase 20 dias para ficar pronto.
. Meu carro-reserva é uma pulga cujo único feature interessante sou eu.
. Eu ainda fico meio aflita se o Diogo demora pra chegar.
. O lugar preferido do meu marido virou depósito de tinta e roupa fedida de pintor.
. Hoje fiquei sem luz mais de 3 horas.
. Eu não saio de casa antes das 4:30, porque (de novo) tenho medo que roubem mais alguma coisa.
. Meu banheiro está inteiro coberto com plástico preto empoeirado.
. Não treino há quase um mês.
. Sigo comendo mil calorias por dia, mas ontem descontrolei geral e comi pizza. Com certeza, o nome do descontrole era "pintor".
. Desde que roubaram a câmera eu só consegui ir ao médico uma vez.
. Todos os CDs da casa estão dentro de uma caixa plástica gigante e eu nem penso em guardar.
. Estou com a mesma blusa há dois dias, porque esqueci a chave e resolvi vestir a de ontem.
. Não importa para onde se olhe, haverá um rastro dos pintores.

Quer trocar?

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Segunda-feira, Setembro 08, 2008

Sobre Ex-Provolones Gigantes


22/11/2007 - Mercedes Gameiro toma uma atitude quanto ao seu tamanho incrivelmente avantajado, após experimentar 650 vestidos de avó de noiva, na tentativa de parecer ao menos meio decente numa cerimônica de casamento.

22/01/2008 - Mercedes Gameiro, com 5 kilos a menos, tá crente que tá abafando.

22/05/2008 - Mercedes Gameiro quase pede arrego quando seu peso resolve empacar num número impronunciável dizendo que "não baixa! não baixa! não baixa!"

28/08/2008 - Mercedes Gameiro escuta pela primeira vez o que ela já esperava: "agora chega,! Você era um mulherão e está ficando pequenininha!" Ha! chega nada!

08/09/2008 - Mercedes Gameiro mal se reconhece quando passa pelo espelho e morre de rir toda vez que vê o tamanho de sua própria cintura. Se diverte vestindo roupas que sobram e caem, e anda por aí toda se achando.

A saga do provolone ainda está longe de terminar, mas já é incrivelmente prazeiroso dar de cara comigo mesma, tão parecida comigo mesma antes de não ser mais eu mesma. Entendeu? Ha!


** foto meramente ilustrativa pra dizer: saca a finura do braço da pessoa....eeeeeee!

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Quarta-feira, Setembro 03, 2008

Vão-se os Anéis...e parte da alma


Essa semana começou punk. Logo na segunda-feira eu descobri que minha máquina fotográfica foi roubada debaixo do meu nariz. Muito muito debaixo do meu nariz: de dentro do armário que fica atrás de mim na sala onde eu passo 15 horas por dia, todos os dias.
A minha câmera! Aquela que foi comigo para a Patagônia, Madrid, Barcelona, Aranjuez, Los Angeles, New York, Miami, Disney, Roma, Paris, Curitiba, fotografou natais, amigos, mãos, sorrisos, histórias...e esteve comigo aqui em casa, fotografando detalhes da minha vida que ninguém vê. Quando meu filho pediu a câmera emprestado, e vi que o case estava vazio, vazio foi o que eu senti. Em segundos eu vasculhei o cérebro perguntando onde ele escondeu a informação que estava faltando ali. "Eu emprestei para alguém? Eu levei para Curitiba e esqueci lá? Eu guardei em outro lugar?" Não tem como sair daqui com uma tele 300 sem ser visto!! Não tem? Tem! Tem se você for minha empregada ha 4 anos, tiver toda a minha confiança, for uma amiga sem tempo ruim, for alguém que faz parte do patrimônio da família. Tem!
E foi aí que um vazio maior ainda tomou conta de tudo. Eu perdi uma câmera? Nada...perdi muito mais. Perdi uma pessoa, outra vez. Perdi a esperança, outra vez. Outra vez eu criei uma cobra para me morder, e ela entrou na minha vida na pele de pessoa atenciosa e bem intencionada, pobrezinha e tão boa, dedicada e leal. Outra fucking vez!
Quando é que eu vou aprender?
Por que será que aos quase 47 anos eu ainda não aprendi a reconhecer essas pessoas assim que elas aparecem? Ok...não consigo ver (quando é comigo), mas então por que é que quando eu percebo o primeiro sinal de que a punhalada virá, eu não me livro da criatura? E por que depois da primeira punhalada eu ainda acho que as pessoas mudam e que nunca mais farão aquilo comigo? E por que mesmo falhando em todas as alternativas anteriores, eu ainda fico achando que posso aguentar o baque e resolver tudo sozinha, sem dor, sem incomodar ninguém, sem escândalo? Juro que eu não entendo.
A sensação de ser roubada dessa maneira dói na alma, como doeram todas as outras vezes em que percebi que estava sendo usada, que tanta boa vontade e lealdade não passavam de parte de um plano, que havia um interesse maior capaz de usar meus pontos fracos e o meu coração mole para obter o que a pessoa queria, que ninguém está acima de qualquer suspeita, e se chegar a estar, se colocou lá para poder tirar mais de mim.
Uma, há muitos anos, me tirou o que era meu de direito. Outro me tirou parte da alma, quase leva minha dignidade, meu amor próprio, e minha esperança de viver em paz. Outra levou algum dinheiro e uma máquina fotográfica. Nos três casos, eu permiti.

Cadê a terapeuta aquela para me analisar agora que eu preciso?


...

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Terça-feira, Julho 29, 2008

Speechless

O solo de algumas guitarras têm o poder de me tirar a voz.
As palavras somem e eu simplesmente inexisto. Sou só ouvidos e alma por algum tempo, como anestesiada, extasiada, sei lá.
Aconteceu algumas vezes...só algumas.
Não adianta você chegar aqui com uma lista de guitarristas, de deuses, de virtuoses...porque só acontece como a música deve acontecer: sem lógica...puro instinto.
Não sei porque, mas só é assim quando é uma guitarra. Nenhum outro instrumento.

Quer a lista dos homens que me tiraram o fôlego? Pega aí:
Eric Clapton. David Gilmour. Slash. B.B.King. Geoff Farina. Prince. Zakk Wylde. E agora John Mayer.

Eu sei eu sei! Frank Zappa, Jimi Hendrix, Eddie Van Halen, Stevie Ray Vaughan não estão na minha lista! Sinto muito...reclama pra minha alma. Isso não é consciente...é uma coisa ouvida no coração e na boca do estômago. Se for para o ouvido não vale.

Enjoy

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Quinta-feira, Julho 10, 2008

Dear Therapist,


Depois do post aí embaixo eu achei injusto dizer que você leria os textos balançando a cabecinha e fazendo tsc tsc. Acho que seria justo economizar o seu tempo e dar de uma vez a lista das conclusões que você vai tirar ao adentrar as portas da minha intimidade pública. Assim você não precisa ler os 237 textos postados aqui. Veja que bacana que eu sou. Tentemos uma análise por post.
Vamos à lista:

1. Um Tango para George - mini-novela em 9 capítulos e meio:
Você vai dizer que eu projetei uma história que eu gostaria que acontecesse comigo, porque falta algo na minha vida, blablabla. Juro que eu nunca pensei em ficar com o George Clooney. Sério.

2. Protect me from what I want
Você vai ficar feliz por eu ter consciência da minha esquizofrenia light.

3. A Mão Grande do Amor da Minha Vida
Você vai achar que eu preciso de proteção paterna...que eu me sinto desamparada...mas eu te adianto que se eu "desamparar" o resto da casa cai, minha nega.

4. Daren e Mariana
Vish...no mínimo vai chamar o hospital psiquiátrico. Mas eu quero levar o clubinho junto!

5. Eu que sou chata?
Você não vai dizer nada porque eu aposto que você também manda uns pps. hehehe

6. Medo
Divirta-se com esse. É sério e tem trabalho pra você nele.

7. Se iludir menos?
Você vai dizer que eu vivo à busca de uma outra realidade, como se ela fosse a minha referência de vida, mas não necessariamente a vida que eu quero. E que isso é um leve sintoma de esquizofrenia...não...bipolaridade? Não...talvez só uma infantilidade mesmo, mas vamos falar sobre a sua infância...

8. Insanity
Oh my God, essa vai te arrepiar os pelinhos da orelha! Pobre, pobre, pobre e atrapalhada Mercedes, perdeu a bússola há anos e nem se deu conta. Ou se deu conta mas está achando graça do que pode na verdade ser terrível.

9. Pessimismo
Sim sim, você vai dizer que eu nego o comportamento das mulheres da minha idade porque eu me recuso a envelhecer, amadurecer, enchatecer, etc...Não é verdade. Eu só não sou igual a elas. Period.

10. Vida leva eu...
Talvez você cale como até eu calei agora quando reli este texto.

11. Desabafo de Ella Spotlesmind
Ai ai ai...vai ser um saco ouvir tudo o que você vai ter pra dizer. Vai ser péssimo ouvir o que eu já estou careca de saber. Céus! Eu tenho 47 anos; se eu não me conhecer, quem há de?
Mas hey! Ella não sou eu...Ha!

12. Inexistência
- Mercedes, me conte esta história....
- Nunca! "Não quero falar de você. Não lembro. Não sei quem é."

13. A Outra História
...

14. Coisas da vida 1, 2, 3, 4, 5, 6
...

15. Feijões
"Quem você pensa que é para tornar tudo tão simples?"

Olha, eu tenho certeza que você tem muito mais o que ler.
Não adianta ler os meus textos tentando me analisar. Em cada um deles eu estou inteira. Em cada história, cada frase, cada linha.
Não há como dissecar algo que se apresenta inteiro. Para facilitar o seu trabalho, vou dizer: em duzentos e poucos textos, mais o TPM, o in english e os outros, eu sou eu e sou muitas. Não há Aaron Beck que possa mudar isso. E se ele tentar eu grito!

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Terça-feira, Julho 08, 2008

Meus Não Gostares

. Não gosto de legume refogado. Tem cheiro de hospital e casa de velho.

. Não gosto de gente que fala olhando para baixo. Geralmente são pessoas enrustidas que se fazem de humildes, mas humildade não é submissão. Espero sempre a punhalada, e ela vem!

. Não gosto de quem anda como gato, sem fazer barulho, se esgueirando pelas portas, que pede licença pra existir. Gosto de gente espaçosa que pisa firme e fala grosso.

. Não gosto de dirigir com som muito alto: entro em transe e saio do chão. É perigoso demais. (eu nasci chapada, lembra?)

. Não gosto de olhar para baixo quando estou em lugar alto. Meu medo de altura supera toda a razão do universo.

. Não gosto de pagar contas. Acho injusto pagar para comer. Já disse isso antes: devia ser proibido pagar por qualquer coisa que dure menos de 7 dias ou vire cocô de alguma forma.

. Não gosto de sentar no banco do passageiro, ou atrás. Quero o volante na minha mão, e isso cabe a todas as áreas da minha vida.

. Não gosto de montanha russa, carrocel, pêndulo, trapézio, chapéu mexicano e das coisas que divertem a maioria das pessoas. Mas qualquer prazer me diverte. (Eu disse "prazer". Frio na barriga e tensão não me dão prazer nenhum, muito pelo contrário).

. Não gosto de pimentão cozido, banana crua, doce de laranja, limão depois de meia hora, torta de requeijão, carne bem passada, azeite que não seja de oliva, bebida muito seca, perfume muito doce, melado com farinha, goiabada com queijo, pão doce, coisas à califórnia a não ser eu...na Califórnia.

. Não gosto de música repetitiva. Mesmo os maiores gênios da música são capazes de me irritar profundamente com um instrumento repetindo a mesma nota, que você nem sabia que estava lá. Isso serve também para refrões, solos infinitos, jazz ou rock progressivos, finais de música que repetem a mesma letra: "Tá bom! Já ouvi! Cala a boca, praga!"

. Não gosto de amigo folgado que acha que o que é meu é dele: meu celular, meu cigarro, minha máquina fotográfica, minha grana.

. Não gosto de esperar resposta no msn.

. Não gosto de gente que fala fala fala e na minha vez tem que sair.

. Não gosto de pagode, sertanejo, sambinha mal cantado, nem daquela voz de carpideira das mulheres da velha guarda da mangueira. Também não gosto desse novo-emo-rock-brasileiro-mal-cantado-pra-carái-com-letra-ruim-demais.

. Não gosto de filme de terror. Cinema não é pra passar mal.

. Não gosto de perder o controle, não saber o que falo ou faço, não estar firme para caminhar ou raciocinar. Por isso nunca me dei bem com as drogas e detesto tomar calmante. Pra mim é um "prazer-terror", igual às montanhas russas e etc. Não entendo essa sensação de "liberdade" incompreensível. Sou super livre com meus pés no chão. Rio, me divirto, crio e saio da realidade sem precisar de agentes externos. Bem...já mensionei que nasci chapada?

. Não gosto de ingratidão.

. Não gosto de um monte de outras coisas pequenas que na verdade não fazem muita diferença na minha vida. Sou tolerante o bastante pra aguentar até cheiro de abobrinha refogada. Mas só de vez em quando!

. Ah...não gosto de falta de assunto. ;)

Bom dia.

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Terça-feira, Junho 24, 2008

Dias atrás, no reino de Mercedes...


Ai ai...isso foi um suspiro sim.
- Quantas vezes você chorou hoje, Mercedes?
- XIII...

Ah, claro, aquilo ali pode ser algarismo romano e não seria exagero porque hoje foi dia de manteiga derretida, de lacrimeiro solto, e de emoção transbordante - literalmente.
Começou ouvindo pela enézima vez no mesmo dia "Thank You", do Led Zeppelin, num cover do Chris Cornell. O que é aquilo? Uma música feita pra mim? Sim, porque eu sou aquela mulher (pode me chamar de convencida). Eu sou tudo o que um homem pode querer para ter ao seu lado até o fim dos seus dias, sem tirar nem por, porque eu sei o quanto está em falta por aí alguém que não seja cheia de regras, de direitos iguais, de chatices, sandices, e uma cartilha chatérrima de queros e não queros, podes e não podes, quandos, porquês, não-ouse's, ciuminho besta, etc. Eu sei que a fôrma que fazia mulheres que respeitavam seus homens como indivíduos e chefes (mesmo que pseudos) de suas famílias já foi jogada fora faz tempo. Ta...sei também, porque já faz tempo que meu próprio marido tocou essa música pra mim. Ha! Melhorou?
"Your hand in mine, we walk the miles", não é a melhor coisa do mundo pra se dizer ou se ouvir? E lá pela quinquagésima vez no repeat, eu desabei em lágrimas.
O dia passou e eu esqueci de ler o blog do Felipe Iubel, já era noite, eu corri pra lá porque ele é carente e ia ficar triste se eu não comentasse. Sim, claro, acabei de dizer que eu sou a mulher ideal, e a mulher ideal realiza todos os desejos de seu amo e senhor, mesmo que ele seja só um amigo. O que aconteceu lá me deixou no chão. O Felipe escreveu um texto que descrevia a ele metade do tempo, e a mim a outra metade. Claro que não de propósito. Ele estava falando dele mesmo mas parecia eu pensando. Parecia eu escrevendo quando estou exausta de dar murro em ponta de faca e ser sincera demais, verdadeira demais, dar a cara a tapa, me despir de orgulho próprio, ser muito mais burra do que nasci pra ser, e me expôr a sentimentos despresíveis como rejeição, sensação de não bastar, de ser menor, de simplesmente não ser capaz. Toda aquela verdade escancarada, como se ele tivesse rasgado o coração e procurado com os dedos sujos de sangue cada palavra para escrever, me fez chorar de novo.
Aí pensei como as relações andam difíceis hoje em dia. Meu deus! Em que cartilha está escrito que ser intenso é crime? Quem estipulou os prazos para telefonemas, mensagens de texto, presentes, visitas relâmpago? Onde compra o novo código penal para ficar sabendo quantos anos de solidão acompanhada alguém precisa viver para ser livre para se apaixonar de verdade? Sim, porque paixão virou crime! Não ouse mostrar para a pessoa aquela que você está se apaixonando...isso pode afastá-la para sempre. Uh? O que aconteceu com as pessoas? Lembra da moça na janela corando ao ver o moço que passa em frente à sua casa? Lembra das cartas de amor? Lembra quando a gente recebia flores? Lembra quando um beijo na boca na porta de casa determinava que um casal ia, com certeza, se ver de novo? Era tão melhor, tão mais fácil, tão mais bonito...
Então, no meio de todo o meu lacrimeiro solto eu tive algum lampejo de raciocínio e percebi que eu não preciso mais de nada disso. Ufa! Gente, como eu já sofri por amor...meu pai! Ninguém merece.
Eu tenho pena...tenho muita pena de adolescentes e solteiros, porque eles se julgam livres, acham que se divertem horrores, pensam que enganam alguém...Mas eu sei, eu sei muito bem o que acontece quando eles deitam a cabeça no travesseiro e têm seus últimos minutos de lucidez antes de se deixar abater por um sono profundo...Eles sonham como a moça da janela. E é solitário demais. Já era antigamente. Agora, com todas essas normas, deve ser quase suicida!

Deus me conserve casada!



Felipe Iubel é aqui
e o texto aquele é aqui

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Terça-feira, Junho 10, 2008

Precisa-se de Borboletas

Oi, Me!
Estou tão triste, e você sabe, sempre que isso acontece eu corro pra você.
Ninguém mandou ter tanto tempo e ombros largos. Eu preciso deitar a cabeça no ombro de alguém, e you are the one.

Então...minha vida está calma. Meu coração está calmo. Meu trabalho está calmo. Até o CD no meu carro é calmo. Tudo estável. Tudo controlável. Amiga, você tem noção? Isso é um inferno!
Eu não aguento mais tanto equilíbrio! Eu quero minhas borboletas de volta, fazendo arruaça dentro do meu estômago. Eu quero, eu preciso, eu tenho que me apaixonar.
Aff, como eu sou débil mental, eu sei. Você deve estar se matando de rir da minha cara. Enquanto o mundo inteiro toma anti-depressivos, calmantes, faz Yoga, meditação, Heik, terapia de chácras, eu sinto falta da minha montanha russa. Me explica como esse povo consegue viver nessa paz? Quem precisa de paz? Eu preciso de paixão!
Paz não é uma coisa divina...paz é o inferno disfarçado...é morna, é fria, é silenciosa, é acomodada. Divina é a paixão que modifica tudo, que bagunça o chão, que faz a gente andar mais longe, dar mais um passo, sentir-se viva. Ai Me...que saco! eu queria ser normal (ou nem).

Bom, sejamos práticas! Você vai perguntar COMO eu não estou apaixonada...cadê aquela homarada que sempre esteve à minha volta? Cadê? Cadê?
Estão todos aí, Me, no mesmo lugar. Mas ai! Cansei!
Tem aquele diretor de arte gatinho, ta logo ali no meus MSN me olhando as we speak, mas ai que preguiça...quanto tempo faz que a gente fica nessa galinhagem de se provocar pela internet? Já não dava para eu ter morrido de paixão por ele? Se não aconteceu até agora, só por um milagre, amiga. Só se a gente saísse da zona de conforto de olhasse um na cara do outro. Aí sim, talvez, não sei.
E tem aquele bem novinho, lembra? Aquele que era lindo de dar dor de estômago? Aquele de faz tempo? Então...ressurgiu das cinzas, agora super decidido a fazer o que não fez quando devia. Hmm...preguiça. Preguiça porque isso exige um tempo de distância segura, mandando fotinho, recadinho, carinhozinho...Papo furadézimo, falta de assunto, porque a inteligência dele só aparece ao vivo sabe? É inteligência visual (hahahha!). Bom...e assim como o outro ali em cima, se não bateu ainda não vai bater. Não, a não ser que ele deixe de ser mané e me sequestre pra ver no que dá. É, porque dessa vez eu não vou mexer um dedo mindinho para ir ao encontro dele. Ele que venha. Ele que mostre que é homem. Ele que tenha coragem, mas ai...preguiça também. Vai ficar nessa lenga lenga até quando?
E tem o outro. O único que pode vir a ser alguma coisa séria. Tá la, em stand by, cuidando da vida dele com um olho no gato e outro em mim, mas não toma uma atitude. Será que o que os três têm em comum é medo de mim? Ou eu to fedendo?
Será que nenhum dos três consegue ler a placa em letras garrafais na minha testa, piscando em vermelho 24 horas por dia: SURPREENDA-ME! ARREBATE-ME! FAÇA ALGO APAIXONANTE!
Ai que preguiça...ai que tédio...ai que ódio! Meee!! Diz pra eles que eu preciso me apaixonar? Diz pra eles que eu não aguento mais homem sem atitude? Diz pra eles? Eu estou tão cansada de ensinar todos os homens que chegam perto de mim como eles deveríam agir..."Vem cá meu filho que eu vou te contar o que uma mulher espera de um homem." Ah...o que aconteceu com eles? Quem estragou os homens? Eu quero as minhas borboletas de volta.

Help!!

Beijos

Ella

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