Jack & Mônica - telefone I
“310-829.2435”
“tá, eu já decorei, para de repetir isso! Você sabe que eu odeio repetição.”
“310-829.2435”
“EU SEI! 310-829.2435! Mas o que eu faço com isso?”
“Liga.”
Ai! Ele disse isso com um meio sorriso tão irônico que parecia estar me chamando de burra. Claro! Liga! Que anta! Claro que aquilo era um telefone!
Eu sentei na cama outra vez, outra vez desolada, sem saber se prefiro me dopar pra dormir sem sonhar, ou se a verdade é que vou dormir esperando que ele apareça outra vez e me surpreenda como sempre.
É muito bom acordar, nos dias em que ele me coloca sob pressão desse jeito, me fazendo decorar um nome ou um número, ou um lugar - ele me irrita repetindo as coisas...odeio! Mas acordar é tudo o que eu não quero, quando os olhos dele estão lá me olhando - todo o azul onde eu quero me afogar -, quando eu sinto o perfume que vem da pele dele, quando o sol reflete o brilho quase azul dos cabelos negros ou a chuva escorre desenhando caminhos por entre os pelos. Acordar é dádiva e castigo. E a pior parte é saber que acontecem mais coisas enquanto eu durmo do que aconteceram durante meus últimos anos acordada. É torturante, mas ainda é o melhor que eu tenho.
O sol mal tinha aparecido quando eu joguei a coberta para fora da cama e me sentei. A luz la fora era fraca ainda e o silêncio mortal.
“O que faz agora?” Eu vi meu celular olhando pra mim com cara de pergunta, mas não cabia na minha cabeça fazer uma coisa estúpida como essa. Eu ligo e digo o que? “Oi, é a Monica, tudo bem? Você me pediu pra ligar.” Claro...e ele diria o que? No mínimo desligaria na minha cara para depois contar a alguém que foi acordado de madrugada por uma louca. Lógico.
Eram 6:15 e eu não queria me mexer.
Há quanto tempo as ripas de madeira do forro do quarto são a única coisa que eu vejo quando acordo? Uma mais larga, uma mais fina, outra mais larga, todas se encaixando perfeitamente sem deixar frestas. Todas ali preparadas para me dar bom dia enquanto eu acordar sozinha. “Bom dia. Eu não estou procurando alguém para acordar ao meu lado.” Elas devem me achar louca (devem estar rindo agora). Ou serão cúmplices do meu amor noturno? Será que ele veio a mando delas? Será que estão com tanto tédio por não ver nada mudar neste quarto, que resolveram contratar um figurante pra animar minhas noites? “Obrigada.”
É...era o que eu devia fazer. Agradecer. Bom dia.
“tá, eu já decorei, para de repetir isso! Você sabe que eu odeio repetição.”
“310-829.2435”
“EU SEI! 310-829.2435! Mas o que eu faço com isso?”
“Liga.”
Ai! Ele disse isso com um meio sorriso tão irônico que parecia estar me chamando de burra. Claro! Liga! Que anta! Claro que aquilo era um telefone!
Eu sentei na cama outra vez, outra vez desolada, sem saber se prefiro me dopar pra dormir sem sonhar, ou se a verdade é que vou dormir esperando que ele apareça outra vez e me surpreenda como sempre.
É muito bom acordar, nos dias em que ele me coloca sob pressão desse jeito, me fazendo decorar um nome ou um número, ou um lugar - ele me irrita repetindo as coisas...odeio! Mas acordar é tudo o que eu não quero, quando os olhos dele estão lá me olhando - todo o azul onde eu quero me afogar -, quando eu sinto o perfume que vem da pele dele, quando o sol reflete o brilho quase azul dos cabelos negros ou a chuva escorre desenhando caminhos por entre os pelos. Acordar é dádiva e castigo. E a pior parte é saber que acontecem mais coisas enquanto eu durmo do que aconteceram durante meus últimos anos acordada. É torturante, mas ainda é o melhor que eu tenho.
O sol mal tinha aparecido quando eu joguei a coberta para fora da cama e me sentei. A luz la fora era fraca ainda e o silêncio mortal.
“O que faz agora?” Eu vi meu celular olhando pra mim com cara de pergunta, mas não cabia na minha cabeça fazer uma coisa estúpida como essa. Eu ligo e digo o que? “Oi, é a Monica, tudo bem? Você me pediu pra ligar.” Claro...e ele diria o que? No mínimo desligaria na minha cara para depois contar a alguém que foi acordado de madrugada por uma louca. Lógico.
Eram 6:15 e eu não queria me mexer.
Há quanto tempo as ripas de madeira do forro do quarto são a única coisa que eu vejo quando acordo? Uma mais larga, uma mais fina, outra mais larga, todas se encaixando perfeitamente sem deixar frestas. Todas ali preparadas para me dar bom dia enquanto eu acordar sozinha. “Bom dia. Eu não estou procurando alguém para acordar ao meu lado.” Elas devem me achar louca (devem estar rindo agora). Ou serão cúmplices do meu amor noturno? Será que ele veio a mando delas? Será que estão com tanto tédio por não ver nada mudar neste quarto, que resolveram contratar um figurante pra animar minhas noites? “Obrigada.”
É...era o que eu devia fazer. Agradecer. Bom dia.
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Marcadores: ai ai, jack and monica
7 Comentários:
Ai se essas ripas falassem...
Finalmente.... mais Jack e Mônica....
quero mais mais mais
Beijão
Debs
nem tem dessas tabuas de forro no ballaroti, perguntei hj...
Ripa na chulipa!!! (tá, essa doeu...)
Será que da pra saciar minha curiosidade, e publicar logo o "telefone II"....
Sem pressões...rsrsrs
Bom dia a todos!!!
Sem...magina. hahaha
Muito bom...muito bom.......e eu nem vou precisar esperar o II....amei.......
super bj
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