Cartas #1
(este é um post antigo, que eu escrevi após ver um filme na TV em que um homem recebia uma carta xôxa de despedida e eu resolvi que tinha que reescrevê-la. É...eu sei que eu sou louca!)
Adeus.
Acho que já dissemos isso antes.
Quantas vezes será que nos olhamos pela última vez? Quantas vezes meus olhos saíram molhados da sua frente e o gosto de “nunca mais” permaneceu na minha boca? Quantas vezes voltei atrás mesmo sabendo que diria adeus novamente?
Os anos se passaram, e mesmo tendo dito tanto antes de nos afastarmos para sempre, ainda tenho muito a dizer. Não é mais hora para melodramas, ou para culpar um de nós pelo que vivemos. Mas o tempo passou rápido demais e já é hora de partir de verdade. Desta vez sem volta.
Você não deve saber a importância que tem na história da minha vida, por isso decidi escrever:
Depois que nos despedimos na última vez, minha vida tornou-se tranqüila e equilibrada. Eu nunca mais chorei demais. Nunca mais sofri demais. Nunca mais senti ódio. Nunca mais quis matar ninguém. Não me senti traída, não me senti rejeitada, não me senti a última das mulheres, não fui mais pisada. Mas pisei na sua memória. Execrei o seu nome. Destruí cada pedaço de papel que você tenha tocado, cada roupa que me lembrava você, cada foto, cada peça da minha casa que trouxesse você à lembrança. Isso me fez bem. E era esperado.
O que você talvez não saiba, é que pensei em você todos os dias em que estive consciente. Pensei em você todas as vezes que fiquei muito feliz, imaginando como você reagiria ao saber que eu estava esfuziante. Pensei em você todas as vezes que estive triste demais...e então rezei pela sua mão enxugando minhas lágrimas. Rezei pela sua presença na minha doença. Rezei pela sua imagem no meu desespero. Rezei pelo seu cheiro na minha solidão. E estive tão sozinha...Mesmo na vida plena e cheia de amigos e familiares que tive até o último dia, você era o fantasma que rondava meu quarto, a mesa do natal, os ninhos de páscoa, o quarto das crianças, as flores do jardim. Você cantou pra eu dormir, viu minhas lágrimas na chuva, foi cúmplice dos meus sorrisos, me protegeu do perigo.
Sabendo que você era tudo o que eu não queria, eu passei a vida ao seu lado, sem tê-lo. Sorri pra você em frente ao espelho. Falei com você andando na rua. Pedi que o telefone tocasse, que a campainha soasse, que o carteiro me entregasse um sinal da sua existência.
Lembrei de você a cada prato preparado, cada roupa nova, cada feito, todos os dias e todas as noites, e todas as horas em que minha mente se encontrou vazia.
Agora estou indo embora. Sozinha. Não sei como voltar ou como evitar que, no vazio da morte, eu sinta a sua falta. Tenho muito medo que a vida eterna exista, e que nela só haja a lembrança do seu sorriso, do seu cheiro, das suas mãos. Que o purgatório seja poder lembrar o gosto do seu beijo.
A morte me apavora. E eu pensei que estivesse preparada. É lógico que todos pensam que sim. Estou tentando deixar que imaginem que estou indo em paz, mas só para você eu posso dizer que tenho medo, meu amor...tenho medo de ir sem você. Queria que você me desse a mão como fez outras vezes. (Nenhuma outra mão se encaixou na minha como a sua). Queria deitar minha cabeça no seu peito mais vez e ouvir a sua respiração que me acalma. Queria ouvir a sua voz dizendo que eu posso ir, que você vai cuidar de mim.
Preciso ir.
Queria que você soubesse o que sinto. Mesmo tendo acabado tão mal, mesmo tendo sido tão ruim, eu não pude tirar você de mim. Na sua ausência, estive ao seu lado, que é o meu lugar.
Deixo para você a certeza de ter sido amado como ninguém mais.
E é com o seu sussurro em meus ouvidos e a sua mão na minha que eu fecho os meus olhos...
Adeus.
Acho que já dissemos isso antes.
Quantas vezes será que nos olhamos pela última vez? Quantas vezes meus olhos saíram molhados da sua frente e o gosto de “nunca mais” permaneceu na minha boca? Quantas vezes voltei atrás mesmo sabendo que diria adeus novamente?
Os anos se passaram, e mesmo tendo dito tanto antes de nos afastarmos para sempre, ainda tenho muito a dizer. Não é mais hora para melodramas, ou para culpar um de nós pelo que vivemos. Mas o tempo passou rápido demais e já é hora de partir de verdade. Desta vez sem volta.
Você não deve saber a importância que tem na história da minha vida, por isso decidi escrever:
Depois que nos despedimos na última vez, minha vida tornou-se tranqüila e equilibrada. Eu nunca mais chorei demais. Nunca mais sofri demais. Nunca mais senti ódio. Nunca mais quis matar ninguém. Não me senti traída, não me senti rejeitada, não me senti a última das mulheres, não fui mais pisada. Mas pisei na sua memória. Execrei o seu nome. Destruí cada pedaço de papel que você tenha tocado, cada roupa que me lembrava você, cada foto, cada peça da minha casa que trouxesse você à lembrança. Isso me fez bem. E era esperado.
O que você talvez não saiba, é que pensei em você todos os dias em que estive consciente. Pensei em você todas as vezes que fiquei muito feliz, imaginando como você reagiria ao saber que eu estava esfuziante. Pensei em você todas as vezes que estive triste demais...e então rezei pela sua mão enxugando minhas lágrimas. Rezei pela sua presença na minha doença. Rezei pela sua imagem no meu desespero. Rezei pelo seu cheiro na minha solidão. E estive tão sozinha...Mesmo na vida plena e cheia de amigos e familiares que tive até o último dia, você era o fantasma que rondava meu quarto, a mesa do natal, os ninhos de páscoa, o quarto das crianças, as flores do jardim. Você cantou pra eu dormir, viu minhas lágrimas na chuva, foi cúmplice dos meus sorrisos, me protegeu do perigo.
Sabendo que você era tudo o que eu não queria, eu passei a vida ao seu lado, sem tê-lo. Sorri pra você em frente ao espelho. Falei com você andando na rua. Pedi que o telefone tocasse, que a campainha soasse, que o carteiro me entregasse um sinal da sua existência.
Lembrei de você a cada prato preparado, cada roupa nova, cada feito, todos os dias e todas as noites, e todas as horas em que minha mente se encontrou vazia.
Agora estou indo embora. Sozinha. Não sei como voltar ou como evitar que, no vazio da morte, eu sinta a sua falta. Tenho muito medo que a vida eterna exista, e que nela só haja a lembrança do seu sorriso, do seu cheiro, das suas mãos. Que o purgatório seja poder lembrar o gosto do seu beijo.
A morte me apavora. E eu pensei que estivesse preparada. É lógico que todos pensam que sim. Estou tentando deixar que imaginem que estou indo em paz, mas só para você eu posso dizer que tenho medo, meu amor...tenho medo de ir sem você. Queria que você me desse a mão como fez outras vezes. (Nenhuma outra mão se encaixou na minha como a sua). Queria deitar minha cabeça no seu peito mais vez e ouvir a sua respiração que me acalma. Queria ouvir a sua voz dizendo que eu posso ir, que você vai cuidar de mim.
Preciso ir.
Queria que você soubesse o que sinto. Mesmo tendo acabado tão mal, mesmo tendo sido tão ruim, eu não pude tirar você de mim. Na sua ausência, estive ao seu lado, que é o meu lugar.
Deixo para você a certeza de ter sido amado como ninguém mais.
E é com o seu sussurro em meus ouvidos e a sua mão na minha que eu fecho os meus olhos...
5 Comentários:
ahh esse nao vale.. já tinha lido...
Huahuahua!
Eu também... mas adoro!
Vou engrossar o coro!! bjs! Pati
Ai meu deus! Vou deletar esse post! hahahahha!
MERCEDES!!!!!!!!!! sério...vc me faz chorar......bj
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