Grande mosaico de mim
And so this is Christmas…
Época em que eu entro em conflito comigo mesma. Fico dividida entre querer ser criança e só esperar – esperar papai noel, esperar a chegada dos primos, esperar a ceia, esperar os presentes – e ser mãe de todos.
Ano passado a mãe de todos estava exausta e nem quis saber de Natal.
Mas no final das contas, ser mãe de todos é lindo.
Eu sempre gostei demais de Natal, mesmo tendo passado, como todo mundo, por aquela fase adolescente besta de dizer que Natal é triste. Triste nada! Natal é uma delícia. Ele só é triste quando você ainda é novo demais e acha que família é um saco, que ficar trocando presentes não faz sentido – cheio de idéias revolucionárias “super novas” anti-capitalismo - , que a ceia podia ser mais cedo porque você está com fome, e que seria muito mais legal ir pra balada com seus amigos do que ficar ali com um monte de gente que não tem nada em comum com você.
Mas aí você cresce…aí você envelhece…aí todo momento que você pode dividir com a família vale ouro e, meu deus!, como essas pessoas têm coisas em comum com você! É bom ver seus pais felizes por ter todos os filhos outra vez em volta da mesa. É bom lembrar histórias da infância e dar risada. É bom trocar presentes lembrando de como era antigamente quando se era feliz com tão pouco…ou quando sua avó ainda era viva e fazia baba-de-moça para a ceia.
A avó dos meus filhos faz fios de ovos. E não há nada como natal com fios de ovos sobrando para que se possa comer puro, assim, enrolado no garfo, feito macarrão! Não quero nem pensar como vai ser quando houver menos amarelo na mesa, provavelmente neste dia também haverá menos sorrisos.
Um Natal com “menos” coisas marcantes seria mais ou menos assim:
Sem minha mãe: menos amarelo de fios de ovos, menos porto-seguro, menos perfume bom.
Sem meu pai: menos conversa, menos tranquilidade, menos cumplicidade, menos alegria.
Sem meu irmão: menos gargalhadas altas, menos abraços apertados e menos lágrimas de emoção.
Sem minha irmã: menos conversas altas, menos passos fortes pela casa, menos lágrimas de emoção também, é claro.
Sem meu cunhado: menos fotos, menos piadas de última hora, menos olhares com risadas.
Sem meu marido: menos risadas sem fim, menos confusão na hora dos presentes, menos comentários hilários, menos inner jokes repetidas.
Sem meus sobrinhos: menos alegria, menos alegria, menos alegria.
Sem meus filhos: menos abraços, menos felicidade, menos brilho nos meus olhos.
A pior parte é que meus Natais são, quase sempre, sem minha irmã mais velha e sua família inteira que é o máximo. Logo, é sempre sem grande parte de mim.
Eu já disse uma vez que depois que a gente cresce a gente muda os óculos.
Se na adolescência a família era um saco e Natal também, depois tornam-se imprescindíveis. Não pode faltar uma única peça. Todas aquelas pessoas que antes habitavam seu mundo e conturbavam seus planos, são agora parte do grande mosaico que faz de você uma pessoa inteira.
Na confusão de uma noite de Natal, com os olhos meio nublados de pequenas luzes e enfeitezinhos vermelhos, eu vejo cada uma dessas peças desfilando em minha frente, e elas ajudam a compor um quadro muito muito claro de quem eu sou. Às vezes paro na porta e fico observando essas almas que andam para lá e para cá, e falam alto, e comem, e bebem, e têm o vício incorrigível de lembrar histórias de natais passados…e eu sorrio ali parada. Não é a árvore ou a comida, os presentes ou a champanhe que fazem o meu Natal ser Natal. São os pedaços de mim.
Sem eles eu sou bem pouco. Sem eles eu não tenho memória, pois minha história não tem testemunhas para existir. Sem eles eu seria vazia, pois neles nasce meu conhecimento, minha consciência e meus valores. Sem eles não há motivos, nem alegrias, nem “porquês”. Sem eles muito pouco valeria a pena.
Assim eu queria que fosse para sempre. Eu rezo para que meus filhos cresçam unidos, e minha nora e genro aprendam a nos amar, e que seus filhos sejam amorosos, e seus amigos sejam meus amigos, para que nunca nunca nunca eu precise ver um Natal com poucas vozes, pouca música e poucas lágrimas de emoção. Ser feliz é compartilhar. É ter os olhos nublados de pequenas luzes e enfeitezinhos coloridos, e o coração cheio de pessoas para amar.
Meu Natal começa amanhã.
Que todos vocês tenham dias cheios de vozes, música e lágrimas de emoção.
Feliz Natal.
Época em que eu entro em conflito comigo mesma. Fico dividida entre querer ser criança e só esperar – esperar papai noel, esperar a chegada dos primos, esperar a ceia, esperar os presentes – e ser mãe de todos.
Ano passado a mãe de todos estava exausta e nem quis saber de Natal.
Mas no final das contas, ser mãe de todos é lindo.
Eu sempre gostei demais de Natal, mesmo tendo passado, como todo mundo, por aquela fase adolescente besta de dizer que Natal é triste. Triste nada! Natal é uma delícia. Ele só é triste quando você ainda é novo demais e acha que família é um saco, que ficar trocando presentes não faz sentido – cheio de idéias revolucionárias “super novas” anti-capitalismo - , que a ceia podia ser mais cedo porque você está com fome, e que seria muito mais legal ir pra balada com seus amigos do que ficar ali com um monte de gente que não tem nada em comum com você.
Mas aí você cresce…aí você envelhece…aí todo momento que você pode dividir com a família vale ouro e, meu deus!, como essas pessoas têm coisas em comum com você! É bom ver seus pais felizes por ter todos os filhos outra vez em volta da mesa. É bom lembrar histórias da infância e dar risada. É bom trocar presentes lembrando de como era antigamente quando se era feliz com tão pouco…ou quando sua avó ainda era viva e fazia baba-de-moça para a ceia.
A avó dos meus filhos faz fios de ovos. E não há nada como natal com fios de ovos sobrando para que se possa comer puro, assim, enrolado no garfo, feito macarrão! Não quero nem pensar como vai ser quando houver menos amarelo na mesa, provavelmente neste dia também haverá menos sorrisos.
Um Natal com “menos” coisas marcantes seria mais ou menos assim:
Sem minha mãe: menos amarelo de fios de ovos, menos porto-seguro, menos perfume bom.
Sem meu pai: menos conversa, menos tranquilidade, menos cumplicidade, menos alegria.
Sem meu irmão: menos gargalhadas altas, menos abraços apertados e menos lágrimas de emoção.
Sem minha irmã: menos conversas altas, menos passos fortes pela casa, menos lágrimas de emoção também, é claro.
Sem meu cunhado: menos fotos, menos piadas de última hora, menos olhares com risadas.
Sem meu marido: menos risadas sem fim, menos confusão na hora dos presentes, menos comentários hilários, menos inner jokes repetidas.
Sem meus sobrinhos: menos alegria, menos alegria, menos alegria.
Sem meus filhos: menos abraços, menos felicidade, menos brilho nos meus olhos.
A pior parte é que meus Natais são, quase sempre, sem minha irmã mais velha e sua família inteira que é o máximo. Logo, é sempre sem grande parte de mim.
Eu já disse uma vez que depois que a gente cresce a gente muda os óculos.
Se na adolescência a família era um saco e Natal também, depois tornam-se imprescindíveis. Não pode faltar uma única peça. Todas aquelas pessoas que antes habitavam seu mundo e conturbavam seus planos, são agora parte do grande mosaico que faz de você uma pessoa inteira.
Na confusão de uma noite de Natal, com os olhos meio nublados de pequenas luzes e enfeitezinhos vermelhos, eu vejo cada uma dessas peças desfilando em minha frente, e elas ajudam a compor um quadro muito muito claro de quem eu sou. Às vezes paro na porta e fico observando essas almas que andam para lá e para cá, e falam alto, e comem, e bebem, e têm o vício incorrigível de lembrar histórias de natais passados…e eu sorrio ali parada. Não é a árvore ou a comida, os presentes ou a champanhe que fazem o meu Natal ser Natal. São os pedaços de mim.
Sem eles eu sou bem pouco. Sem eles eu não tenho memória, pois minha história não tem testemunhas para existir. Sem eles eu seria vazia, pois neles nasce meu conhecimento, minha consciência e meus valores. Sem eles não há motivos, nem alegrias, nem “porquês”. Sem eles muito pouco valeria a pena.
Assim eu queria que fosse para sempre. Eu rezo para que meus filhos cresçam unidos, e minha nora e genro aprendam a nos amar, e que seus filhos sejam amorosos, e seus amigos sejam meus amigos, para que nunca nunca nunca eu precise ver um Natal com poucas vozes, pouca música e poucas lágrimas de emoção. Ser feliz é compartilhar. É ter os olhos nublados de pequenas luzes e enfeitezinhos coloridos, e o coração cheio de pessoas para amar.
Meu Natal começa amanhã.
Que todos vocês tenham dias cheios de vozes, música e lágrimas de emoção.
Feliz Natal.