As minhas linhas da mão
***Este texto foi escrito nos idos de novembro de 2003, aos 42 anos, no velho e bom TPM. mas é sempre bom ler de novo para não esquecer o que eu quero da vida.
* Já encontrei o trabalho que me brilha os olhinhos...e é ainda sentada nesse computador escrevendo feito uma louca.
** Aos 45, quase 46, parece que tenho ainda mais tempo para viver.
Fiquei olhando pra linha da vida na minha mão. Nas duas. Ela começa abaixo do meu dedo indicador...Entre o indicador e o polegar - é preciso virar a mão pra poder ver. E termina no pulso, abaixo do polegar. É enorme!
Será que faz sentido? A linha da vida diz mesmo quanto de vida você tem pela frente? Em que ponto dessa coisa infinita eu estou? É assustador...Quase dá a volta na mão e eu não sei onde estou!
Normal eu? Imagina...Nunca prometi ser normal. Tenho delírios assim. Fico tentando entender os "mecanismos" da vida. Como ela funciona? Que armas eu tenho pra vencê-la caso um golpe me pegue de surpresa? Se fizer algum sentido essa coisa das linhas da mão, é bom eu cuidar do corpinho...Porque da cabeça já é tarde!
Perder a sanidade pode ser uma opção bem simples. Pensa: depois de muito tempo de vida, se tudo estiver um saco, se seus filhos virarem aqueles adultos de novela que você jamais imaginou que existissem; se seus amigos todos se forem; se morrer o seu amor, o amor da sua vida, e aquele que você guardou desde criancinha também; se não te deixarem mais fumar; se já tiverem lançado todas as biografias que acabam cruzando a sua vida, algumas falando mal de você...Nada como turn off e ficar insano. Nossa! Que confortável! Só apertar o botão. Ninguém vai te levar a sério mesmo, certo? Então melhor assumir que não se preocupem com isso! Seu mundo já caiu, seu peito já caiu, sua orelha já ficou enorme...so fuck off! Com uma vantagem maravilhosa: uma vez gagá, você ta liberado pra dizer o que quiser. E fingir que não escuta nada também!
Na verdade não acontece bem assim...Minha autocrítica é tão ridiculamente forte que eu não seria capaz de ficar assim. Acho.
Meu ideal de vida é "ideal" porque é quase impossível. E simples: Rolling Stones. Pink Floyd. Joe Pytka. Assim: você está caído, mas é o máximo! Seu rosto é uma uva passa, um figo seco ou os dois juntos, como o do Keith Richards, mas você anda na frente, pensa na frente e toca um horror! Ta muito vivo, obrigado, e bebeu a vida aos tragos! Aquele bocão super sexy que foi o delírio de uma geração virou um peru de thanksgiven, mas ainda hoje, quando você fala, escreve, pensa, canta, pinta, o que for, alguém em algum lugar do mundo, 40 anos mais novo que você, pergunta: WOW!! Ele é velho? Mas como pode?
É...Ele é velho e todo mundo imita o que ele faz! E ninguém consegue pensar na idade do Mick Jagger, do Steven Tyler, do David Gilmore. Ninguém diz: “Como esse velhinho toca, né?” Ao ver um clip do Eric Clapton.
Claro que isso tudo quer dizer: ENVELHECER SÓ POR FORA. Continuar alive and kicking! Entender as mudanças do mundo, das gerações que chegam e saber exatamente do que se está falando. No caso dos citados acima, ainda DITAR as mudanças do mundo... "Só não me deixe sentar na poltrona no dia de Domingo!"
Tá...Já estou ouvindo uma multidão de cochichos e pensamentos e burburinhos de pessoas dizendo: “AH...Então é bom você voltar logo a trabalhar, Mercedes, senão vai virar uma avó rabugenta! E seu ideal de vida vai pro saquinho.” Hm...balela! Primeiro porque eu sempre fui rabugenta anyway. Segundo, porque estou falando da minha cabeça. Não da minha imagem. Volto a trabalhar sim, assim que alguma coisa me brilhar os olhos. Mas tem que brilhar messss porque isso faz parte do meu Rolling Stone Way.* Não estou mais aí pra ter um emprego. Estou acima do bem e do mal...lembra? Passei dos 40. Estou aí pra ter um trabalho. Foi o que eu tive a vida inteira. Fui sempre seduzida pelo trabalho e minha relação com a carreira foi sempre de amor, de paixão. Por que mudaria isso depois de saber como a vida funciona? Agora que tudo é tão mais fácil… O lobo mau não assusta mais...Você muito já comeu a chapeuzinho...Já matou o lobo, já passou por tudo...
Eu me dou o direito de sentar nesse computador horas e horas e escrever pra me divertir. De sentar na minha varanda e ouvir a grama crescer. De colocar um filme e morrer de chorar, ou de rir, ou de raiva! Fazer o que eu quiser, até que alguém me acene com algo que me seduza. Enquanto isso aplaudo uma outra carreira, de um outro seduzido pelo próprio trabalho...
Claro que sou uma abençoada e agradeço todos os dias pela vida que tenho, pelas oportunidades que tive, por poder escolher. Só tenho medo de perder a saúde. Tenho medo da guerra. São coisas que podem mudar todo o curso da vida.
Então...Voltando as linhas da mão...Se entendo alguma coisa, estou na metade da minha vida. Vou repetir. Presta atenção: estou na METADE da minha vida. As pessoas na minha família morrem depois dos 90. Então, espera! Falta muito tempo! Aos 42**, posso apertar Ctrl+Alt+Del e fazer cursinho, vestibular pra medicina, me formar, fazer residência, especialização, ficar em dúvida, mudar de especialização, e vão me sobrar uns 25 anos para medicar!
Ctrl+Alt+Del: Posso ir pro Tibet, (passar sete anos com o Brad Pitt) virar monja e ainda me sobram 40 anos pra ser missionária pelo mundo.
Ctrl+Alt+Del: Posso abrir outra produtora, criar mais uns três diretores, ficar bem rica, estressar, pousar nua e lançar um CD (brincadeirinha), ficar viciada em algum antidepressivo, gastar todo o meu patrimônio em terapia e ainda vão restar 30 anos pra escrever uma coluna rancorosa em alguma revista de propaganda.
Ctrl+Alt+Del: Posso adotar 20 crianças carentes, vê-las crescer, ir às suas formaturas e casamentos, e me sobra algum tempo pra ajuda-las a criar seus filhos.
Ctrl+Alt+Del é o segredo! Desde que se tenha um objetivo: ser feliz. E feliz é coletivo, não é singular. Pra complicar. :)
É...como diria Michael Stipe "Life is bigger!"
Será que faz sentido? A linha da vida diz mesmo quanto de vida você tem pela frente? Em que ponto dessa coisa infinita eu estou? É assustador...Quase dá a volta na mão e eu não sei onde estou!
Normal eu? Imagina...Nunca prometi ser normal. Tenho delírios assim. Fico tentando entender os "mecanismos" da vida. Como ela funciona? Que armas eu tenho pra vencê-la caso um golpe me pegue de surpresa? Se fizer algum sentido essa coisa das linhas da mão, é bom eu cuidar do corpinho...Porque da cabeça já é tarde!
Perder a sanidade pode ser uma opção bem simples. Pensa: depois de muito tempo de vida, se tudo estiver um saco, se seus filhos virarem aqueles adultos de novela que você jamais imaginou que existissem; se seus amigos todos se forem; se morrer o seu amor, o amor da sua vida, e aquele que você guardou desde criancinha também; se não te deixarem mais fumar; se já tiverem lançado todas as biografias que acabam cruzando a sua vida, algumas falando mal de você...Nada como turn off e ficar insano. Nossa! Que confortável! Só apertar o botão. Ninguém vai te levar a sério mesmo, certo? Então melhor assumir que não se preocupem com isso! Seu mundo já caiu, seu peito já caiu, sua orelha já ficou enorme...so fuck off! Com uma vantagem maravilhosa: uma vez gagá, você ta liberado pra dizer o que quiser. E fingir que não escuta nada também!
Na verdade não acontece bem assim...Minha autocrítica é tão ridiculamente forte que eu não seria capaz de ficar assim. Acho.
Meu ideal de vida é "ideal" porque é quase impossível. E simples: Rolling Stones. Pink Floyd. Joe Pytka. Assim: você está caído, mas é o máximo! Seu rosto é uma uva passa, um figo seco ou os dois juntos, como o do Keith Richards, mas você anda na frente, pensa na frente e toca um horror! Ta muito vivo, obrigado, e bebeu a vida aos tragos! Aquele bocão super sexy que foi o delírio de uma geração virou um peru de thanksgiven, mas ainda hoje, quando você fala, escreve, pensa, canta, pinta, o que for, alguém em algum lugar do mundo, 40 anos mais novo que você, pergunta: WOW!! Ele é velho? Mas como pode?
É...Ele é velho e todo mundo imita o que ele faz! E ninguém consegue pensar na idade do Mick Jagger, do Steven Tyler, do David Gilmore. Ninguém diz: “Como esse velhinho toca, né?” Ao ver um clip do Eric Clapton.
Claro que isso tudo quer dizer: ENVELHECER SÓ POR FORA. Continuar alive and kicking! Entender as mudanças do mundo, das gerações que chegam e saber exatamente do que se está falando. No caso dos citados acima, ainda DITAR as mudanças do mundo... "Só não me deixe sentar na poltrona no dia de Domingo!"
Tá...Já estou ouvindo uma multidão de cochichos e pensamentos e burburinhos de pessoas dizendo: “AH...Então é bom você voltar logo a trabalhar, Mercedes, senão vai virar uma avó rabugenta! E seu ideal de vida vai pro saquinho.” Hm...balela! Primeiro porque eu sempre fui rabugenta anyway. Segundo, porque estou falando da minha cabeça. Não da minha imagem. Volto a trabalhar sim, assim que alguma coisa me brilhar os olhos. Mas tem que brilhar messss porque isso faz parte do meu Rolling Stone Way.* Não estou mais aí pra ter um emprego. Estou acima do bem e do mal...lembra? Passei dos 40. Estou aí pra ter um trabalho. Foi o que eu tive a vida inteira. Fui sempre seduzida pelo trabalho e minha relação com a carreira foi sempre de amor, de paixão. Por que mudaria isso depois de saber como a vida funciona? Agora que tudo é tão mais fácil… O lobo mau não assusta mais...Você muito já comeu a chapeuzinho...Já matou o lobo, já passou por tudo...
Eu me dou o direito de sentar nesse computador horas e horas e escrever pra me divertir. De sentar na minha varanda e ouvir a grama crescer. De colocar um filme e morrer de chorar, ou de rir, ou de raiva! Fazer o que eu quiser, até que alguém me acene com algo que me seduza. Enquanto isso aplaudo uma outra carreira, de um outro seduzido pelo próprio trabalho...
Claro que sou uma abençoada e agradeço todos os dias pela vida que tenho, pelas oportunidades que tive, por poder escolher. Só tenho medo de perder a saúde. Tenho medo da guerra. São coisas que podem mudar todo o curso da vida.
Então...Voltando as linhas da mão...Se entendo alguma coisa, estou na metade da minha vida. Vou repetir. Presta atenção: estou na METADE da minha vida. As pessoas na minha família morrem depois dos 90. Então, espera! Falta muito tempo! Aos 42**, posso apertar Ctrl+Alt+Del e fazer cursinho, vestibular pra medicina, me formar, fazer residência, especialização, ficar em dúvida, mudar de especialização, e vão me sobrar uns 25 anos para medicar!
Ctrl+Alt+Del: Posso ir pro Tibet, (passar sete anos com o Brad Pitt) virar monja e ainda me sobram 40 anos pra ser missionária pelo mundo.
Ctrl+Alt+Del: Posso abrir outra produtora, criar mais uns três diretores, ficar bem rica, estressar, pousar nua e lançar um CD (brincadeirinha), ficar viciada em algum antidepressivo, gastar todo o meu patrimônio em terapia e ainda vão restar 30 anos pra escrever uma coluna rancorosa em alguma revista de propaganda.
Ctrl+Alt+Del: Posso adotar 20 crianças carentes, vê-las crescer, ir às suas formaturas e casamentos, e me sobra algum tempo pra ajuda-las a criar seus filhos.
Ctrl+Alt+Del é o segredo! Desde que se tenha um objetivo: ser feliz. E feliz é coletivo, não é singular. Pra complicar. :)
É...como diria Michael Stipe "Life is bigger!"
* Já encontrei o trabalho que me brilha os olhinhos...e é ainda sentada nesse computador escrevendo feito uma louca.
** Aos 45, quase 46, parece que tenho ainda mais tempo para viver.
3 Comentários:
"Ctrl+Alt+Del é o segredo! Desde que se tenha um objetivo: ser feliz. E feliz é coletivo, não é singular. Pra complicar. :)"
Ai... parece que eu até sei o que é esse "segredo" hahahaha
Mer... vc tem tanto tempo ainda, tanto tempo pra encher hahah (to brincando), pra rir muito, pra ver mta coisa, escrever sobre tudo que sente e sentir ainda mais pra escrever mais e me deixar ainda MAIS viciada no que você faz! Seu trabalho salva vidas...
Thank you sooo very muuuch, for you've saved mine! :)
Viuuuuuuuu...ainda sobra tempo pra conquistar a outra metade do mundo!!!
Ai que saudade!!!!
Beijoooo
me, vc é tuuudo na vida de uma pessoinha!
ainda bem que ainda restam 40 e tantos anos, porque ainda vai rolar muuuita água debaixo da sua ponte!
vc vai ver!
é nóis má frenda... e que venham os festivais (afe, coisa meio retrô isso, me senti nos anos dourados, mas... e quem disse que eles não voltam?)!!!
amo, adoro e venero!
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