A Esperança.
Well...hoje me dei conta de quem pode realmente influenciar a vida de uma criança...
Lógico, seus pais podem... Seus irmãos... programas de TV, apresentadores, seriados... Muita gente pode. Mas quem realmente vive com as crianças? Quem tem uma influência invisível, e às vezes nociva? Quem substitui a mãe? Quem está com ela nas refeições, no banho e no caminho para a escola?
Ha! Isso mesmo: a empregada!
Então, somos todos tão exigentes: meu filho não pode isso, não pode aquilo, não fale palavrão na frente da criança, precisa de boas escolas, seus amigos serão escolhidos a dedo... E por falar em dedo, quem limpa o último dente com o dedo indicador e depois olha e põe aquele filé de volta na boca? Quem limpa o nariz no pano de prato? Quem coça a perna com o pé e lava louça com o palito na boca? Ela! Aquela!
Aquela que passa a maior parte do dia com seus filhos. Aquela que cozinha para eles, chama para o banho, conversa durante algumas refeições, ajuda a escolher a roupa. Genial! Somos mesmo super exigentes!
Demoramos muito tempo para convidar um amigo para entrar na nossa casa. Mesmo assim, ele ainda demora mais para poder entrar no nosso quarto. Talvez nem nunca entre! Pedimos uma parafernália de documentos e referências para contratar um assistente. Mas não a empregada! Essa não!
Essa, a gente liga pra agência, ela aparece em casa, conversa, combina salário, a agência até tenta que você veja uns três papéis, mas a vida sem ela é tão terrível que se a cara for mais ou menos, opa! É minha! Ou pior... a empregada da amiga da vizinha conhece uma moça "limpinha e de confiança" e você nem quer saber o nome da criança. Começa amanhã às oito!
E lá vai aquela pessoa sem passado ou família habitar a sua casa, lavar as suas calcinhas, fazer a sua comida, limpar o seu banheiro. E você acha lindo! No dia seguinte, você sai para trabalhar, deixa um bilhete explicando os horários da casa e o que é para fazer para o almoço, e ah...como a vida é melhor assim!
Ela vai ser a pessoa que pronuncia mais vocábulos nos ouvidos do seu filho de três anos. Com ela, ele vai aprender a conjugar mais verbos do que com você:
. eu vou ir
. nós fumo
. não cabeu
. nós punhémo
. eu trúce
. a gente vamos
Com ela, ele vai aprimorar o gosto musical: Sertanejo, pagode, muito Daniel, Grupo Molejo. E vai aprender a dançar funk carioca e querer ser dançarina do Gugu. Bom demais! Sem falar na programação de TV. Não! Não aquela que você determinou. A outra! A de quando você vai pro trabalho. Adoro!
Eu sou uma sobrevivente. Ou a prova de que esta influência não é tão terrível, ou pelo menos não dura pra sempre. Minha experiência com empregadas na infância vai além do imaginável.
Não posso deixar de citar a Esperança.
Esperança era uma alegria! Negra, negra, azul de tão negra. Uma vasta dentadura branca que não se sabe se era própria ou comprada. Trabalhava na casa da minha avó paterna, onde eu vivi um tempo depois dos acidentes financeiros da família. Eu chegava da escola e me grudava no quarto da Esperança - melhor programação para uma menina de 8 anos naquele apartamento na Visconde de Pirajá. Lá eu peguei gosto pela foto-novela e pela foto de galã na porta do guarda-roupa. Chique demais! Lá eu desenvolvi um requintadíssimo gosto por esmaltes de unha, cílios postiços e perucas. Sim, Esperança tinha várias perucas! E eu morria de inveja. Bonito mesmo eram os óculos escuros da Esperança. Ela achou na rua. Era francês, lindo demais mesmo, mas tinha grau - muito grau - e ela usava mesmo assim. De peruca lisa, óculos e calça branca bem justa, lá ia Esperança pela a rua, sem enxergar nadinha...feliz da vida!
Mas o que eu mais achava lindo, era quando eu saía com ela no domingo, em Petrópolis. Ela se arrumava toda, colocava o rádio de pilha dentro da bolsa e me levava para a praça, onde ela ia encontrar o namorado militar - reco mesmo! - Me dava uma nota de "um cruzeiro real", me mandava comprar um picolé na carrocinha.
E ee radinho ligado na bolsa, toda rebolante, Esperança namorava encostada no muro do quartel...e eu com ela!
Isso é fundamental para a formação de uma mulher! Sem dúvida!
Ai ai...adoro me lembrar dessas coisas! Chato demais não poder mais ser brega.
Alguém quer ir comigo pra praça domingo? Tem um radinho?
Lógico, seus pais podem... Seus irmãos... programas de TV, apresentadores, seriados... Muita gente pode. Mas quem realmente vive com as crianças? Quem tem uma influência invisível, e às vezes nociva? Quem substitui a mãe? Quem está com ela nas refeições, no banho e no caminho para a escola?
Ha! Isso mesmo: a empregada!
Então, somos todos tão exigentes: meu filho não pode isso, não pode aquilo, não fale palavrão na frente da criança, precisa de boas escolas, seus amigos serão escolhidos a dedo... E por falar em dedo, quem limpa o último dente com o dedo indicador e depois olha e põe aquele filé de volta na boca? Quem limpa o nariz no pano de prato? Quem coça a perna com o pé e lava louça com o palito na boca? Ela! Aquela!
Aquela que passa a maior parte do dia com seus filhos. Aquela que cozinha para eles, chama para o banho, conversa durante algumas refeições, ajuda a escolher a roupa. Genial! Somos mesmo super exigentes!
Demoramos muito tempo para convidar um amigo para entrar na nossa casa. Mesmo assim, ele ainda demora mais para poder entrar no nosso quarto. Talvez nem nunca entre! Pedimos uma parafernália de documentos e referências para contratar um assistente. Mas não a empregada! Essa não!
Essa, a gente liga pra agência, ela aparece em casa, conversa, combina salário, a agência até tenta que você veja uns três papéis, mas a vida sem ela é tão terrível que se a cara for mais ou menos, opa! É minha! Ou pior... a empregada da amiga da vizinha conhece uma moça "limpinha e de confiança" e você nem quer saber o nome da criança. Começa amanhã às oito!
E lá vai aquela pessoa sem passado ou família habitar a sua casa, lavar as suas calcinhas, fazer a sua comida, limpar o seu banheiro. E você acha lindo! No dia seguinte, você sai para trabalhar, deixa um bilhete explicando os horários da casa e o que é para fazer para o almoço, e ah...como a vida é melhor assim!
Ela vai ser a pessoa que pronuncia mais vocábulos nos ouvidos do seu filho de três anos. Com ela, ele vai aprender a conjugar mais verbos do que com você:
. eu vou ir
. nós fumo
. não cabeu
. nós punhémo
. eu trúce
. a gente vamos
Com ela, ele vai aprimorar o gosto musical: Sertanejo, pagode, muito Daniel, Grupo Molejo. E vai aprender a dançar funk carioca e querer ser dançarina do Gugu. Bom demais! Sem falar na programação de TV. Não! Não aquela que você determinou. A outra! A de quando você vai pro trabalho. Adoro!
Eu sou uma sobrevivente. Ou a prova de que esta influência não é tão terrível, ou pelo menos não dura pra sempre. Minha experiência com empregadas na infância vai além do imaginável.
Não posso deixar de citar a Esperança.
Esperança era uma alegria! Negra, negra, azul de tão negra. Uma vasta dentadura branca que não se sabe se era própria ou comprada. Trabalhava na casa da minha avó paterna, onde eu vivi um tempo depois dos acidentes financeiros da família. Eu chegava da escola e me grudava no quarto da Esperança - melhor programação para uma menina de 8 anos naquele apartamento na Visconde de Pirajá. Lá eu peguei gosto pela foto-novela e pela foto de galã na porta do guarda-roupa. Chique demais! Lá eu desenvolvi um requintadíssimo gosto por esmaltes de unha, cílios postiços e perucas. Sim, Esperança tinha várias perucas! E eu morria de inveja. Bonito mesmo eram os óculos escuros da Esperança. Ela achou na rua. Era francês, lindo demais mesmo, mas tinha grau - muito grau - e ela usava mesmo assim. De peruca lisa, óculos e calça branca bem justa, lá ia Esperança pela a rua, sem enxergar nadinha...feliz da vida!
Mas o que eu mais achava lindo, era quando eu saía com ela no domingo, em Petrópolis. Ela se arrumava toda, colocava o rádio de pilha dentro da bolsa e me levava para a praça, onde ela ia encontrar o namorado militar - reco mesmo! - Me dava uma nota de "um cruzeiro real", me mandava comprar um picolé na carrocinha.
E ee radinho ligado na bolsa, toda rebolante, Esperança namorava encostada no muro do quartel...e eu com ela!
Isso é fundamental para a formação de uma mulher! Sem dúvida!
Ai ai...adoro me lembrar dessas coisas! Chato demais não poder mais ser brega.
Alguém quer ir comigo pra praça domingo? Tem um radinho?
7 Comentários:
A primeira coisa interessante que eu aprendi na vida (a imitar a Madonna cantando Like a Virgin) foi com a empregada lá de casa! hahahahahaha
Minha mãe quase matou a coitada quando descobriu! hahaha
BEIJOS
geeente que LUXO!!!!! ja imaginei uma diva disco de black power peruca, rebolando e tomando sorvete na praça!
a minha empregada tinha a bunda toda mole e dizia que "é assim que os home gosta". ainda bem que isso eu não aprendi!
Aqui em casa foi ao Contrário! Eu que ensinei coisas as empregadas! É que a relação com os homens é diferente, né? (Não, nçao tem nada a ver com o Casa Grande Senzala) Elas falavam menos errado antes de trabalhar aqui em casa! Aprendem músicas novas também, porque só entro na cozinha cantando, assim não ouço a rádio-relógio com bom-bril na antena!! Sem contar que eu ensino elas a discutir com os professores preguiçosos de escola pública! Aqui não reprovam em escola municipal mesmo!
aaaaaaaaai que nostalgia!
lembrei da iaia, minha primeira babá, pretinha pretinha de cabelo branco. adorava a iaia. quando minha mãe engravidou da minha irmã a iaia foi visitar a prima-irmã na paraíba e nunca mais voltou, porque achou um absurdo ter que cuidar de duas tendo sido contratada prá cuidar só de uma. durante meses, a primeira pergunta que eu fazia quando chegava em casa era se a iaia tinha voltado...
depois veio a dida. ela era brava, a dida. mas um amor de pessoa. a melhor rosquinha de nata do universo. fez curso noturno de enfermagem e foi trabalhar no hospital dos defeitos da face. mas toda eleição encontramos a dida, porque ela ainda vota na seção aqui do lado de casa...
e a dona glória? que substituiu a dida quando ela foi embora... era uma mulher igualzinha à bruxa do 71 do chaves. mas um doce de pessoa. a única empregada que fazia questão de usar uniforme, daqueles com coisinha na cabeça e tudo.
e finalmente... a aldê, que está aqui em casa há 12 anos e é um trem desgovernado. qualquer dia vou fazer um post sobre ela, que está aqui do meu lado toda orgulhosa por estar sendo citada...
hahahaha
beijos!
Por que não pode mais?
A maioria é brega até hoje...
heheh... depois de alguns segundos entendi porque esse blog é uma caixa preta...
OI Met, me matei de rir...está ótimo este texto da Esperança.
Lembrei dela e das perucas, aliás o que desencadeou a lembrança foram as calças brancas justiiiiiiiiiiiissimas. Ahahahahaha.
Excelente seu texto. O aprendizado do português, fantástico, e o dedo indicador tirando o bife...ahahahaha
Amei.
Ri muito aqui sozinha.
Beijos te amo. Pat
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