Delírio - Parte 7
Mercedes Gameiro
"Não é o fim”, pensou Drímer, percebendo que a presença das almas traria ainda mais força à sua luz.
Perspicaz, surpreendendo até mesmo às almas, ela sorriu para o Senhor dos Barúns um sorriso terno, de pena e lamento, deixando escapar uma única lágrima amarela solidária e reluzente que escorreu por sua face. Drímer recolheu a lágrima na palma da mão e estendeu o braço, oferecendo sua bondade infinita ao ódio do mostro.
O olho odioso da Besta não suportava a visão daquele sorriso e fez com que dez partes das criaturas voltassem para seu manto, por puro pavor. Sem olhar para os olhos de Drímer, a besta se debatia contra o que restava da floresta cinza, deixando soar alto os grunhidos e gemidos de suas vítimas torturadas. Dentes, garras, sangue. Mais uma vez o grande Barún se debatia contra as árvores que não desviavam de seu caminho
As almas cercavam a floresta, unidas pelos fios de prata que as ligava ao universo real. Os fios de prata uniam as almas e a floresta, Drímer e os sóis opostos, o Mestre e o Templo dos Ancestrais, todos unidos a todos. Uma imensa teia prateada aprisionava o Senhor dos Barúns e suas criaturas malévolas. A Ilha estava envolta na rede de luz e brilho prateados: 26.419,83 fios de prata vezes 26.419,83 almas, vezes 26.419,83 sorrisos de Drímer, multiplicados pelo número de mortes causadas pelos Barúns, vezes todas as luzes jamais avistadas na Ilha de Delírio.
Num cântico sagrado inaudível, cantado com palavras que não são ditas, amor não revelado, luzes amarelas e vermelhas, todo pecado escondido, toda mentira de amor, todo sorriso velado, toda paixão repentina e todo desejo calado; o grande coro de Almas enfraquecia o Senhor dos Barúns perdido entre árvores na teia de prata.
Os Barúns agonizavam desesperados em sua dor cinza, sentindo pela primeira vez, na própria carne, a dor e o sangue dos amantes pecadores. O sentimento desconhecido de bondade e paixão pela vida fazia com que a besta sofresse dores profundas, insustentáveis. Lágrimas cinzas regavam o chão da floresta trazendo luzes novas ao solo queimado pela dor.
Numa explosão gigantesca de luzes e gritos que combinava a canção divina das almas, a luz amarela de Drímer e o pesar da Besta, a grande teia rompeu-se em raios prateados riscando o céu de Delírio.
- Rygan...é sua vez de ser forte, meu bravo Mestre. Ouça o meu desejo de vida. O manto cinza se foi... É preciso voltar e reinar, meu amor.
Drímer chorava suas lágrimas amarelas sobre os olhos de Rygan Brëivier, enquanto os seres de Delírio enterravam seus mortos numa triste comemoração.
"Não é o fim”, pensou Drímer, percebendo que a presença das almas traria ainda mais força à sua luz.
Perspicaz, surpreendendo até mesmo às almas, ela sorriu para o Senhor dos Barúns um sorriso terno, de pena e lamento, deixando escapar uma única lágrima amarela solidária e reluzente que escorreu por sua face. Drímer recolheu a lágrima na palma da mão e estendeu o braço, oferecendo sua bondade infinita ao ódio do mostro.
O olho odioso da Besta não suportava a visão daquele sorriso e fez com que dez partes das criaturas voltassem para seu manto, por puro pavor. Sem olhar para os olhos de Drímer, a besta se debatia contra o que restava da floresta cinza, deixando soar alto os grunhidos e gemidos de suas vítimas torturadas. Dentes, garras, sangue. Mais uma vez o grande Barún se debatia contra as árvores que não desviavam de seu caminho
As almas cercavam a floresta, unidas pelos fios de prata que as ligava ao universo real. Os fios de prata uniam as almas e a floresta, Drímer e os sóis opostos, o Mestre e o Templo dos Ancestrais, todos unidos a todos. Uma imensa teia prateada aprisionava o Senhor dos Barúns e suas criaturas malévolas. A Ilha estava envolta na rede de luz e brilho prateados: 26.419,83 fios de prata vezes 26.419,83 almas, vezes 26.419,83 sorrisos de Drímer, multiplicados pelo número de mortes causadas pelos Barúns, vezes todas as luzes jamais avistadas na Ilha de Delírio.
Num cântico sagrado inaudível, cantado com palavras que não são ditas, amor não revelado, luzes amarelas e vermelhas, todo pecado escondido, toda mentira de amor, todo sorriso velado, toda paixão repentina e todo desejo calado; o grande coro de Almas enfraquecia o Senhor dos Barúns perdido entre árvores na teia de prata.
Os Barúns agonizavam desesperados em sua dor cinza, sentindo pela primeira vez, na própria carne, a dor e o sangue dos amantes pecadores. O sentimento desconhecido de bondade e paixão pela vida fazia com que a besta sofresse dores profundas, insustentáveis. Lágrimas cinzas regavam o chão da floresta trazendo luzes novas ao solo queimado pela dor.
Numa explosão gigantesca de luzes e gritos que combinava a canção divina das almas, a luz amarela de Drímer e o pesar da Besta, a grande teia rompeu-se em raios prateados riscando o céu de Delírio.
- Rygan...é sua vez de ser forte, meu bravo Mestre. Ouça o meu desejo de vida. O manto cinza se foi... É preciso voltar e reinar, meu amor.
Drímer chorava suas lágrimas amarelas sobre os olhos de Rygan Brëivier, enquanto os seres de Delírio enterravam seus mortos numa triste comemoração.
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