Eu tenho sorte.
Mais do que sorte, eu tenho olhos. Mais do que olhos eu tenho pessoas.
De tudo o que eu tive na vida, o que sempre gostei mais de ter são as minhas pessoas.
Elas chegam dos lugares mais incríveis, da maneira mais surreal, e vão ficando contra todas as probabilidades, contra todas as possibilidades. E para falar delas seria preciso antes descrever a palavra DIVERSIDADE.
Palavrinha essa que já virou papo de eco-chato, na verdade veio ao mundo só para dizer "diferenças"...quando a diferença é tão desimportante, e ao mesmo tempo é o que faz a mágica existir. Mas antes de mais nada, o dicionário nos diria que diversidade quer dizer mesmo diferença. Ou a melhor das palavras que encontrei: DISSEMELHANÇA. Dissemelhança é tudo de bom. Veja como soa deliciosamente diferente e atraente, ser dissemelhante de alguém. Dissemelhanças me interessam...
Para que servem as semelhanças? Para nos envaidecermos ao dizer: " Nossa...você é demais! Incrivelmente igual a mim!" Wow, claro! igual a mim é lindo. Diria aquele a quem odeio citar (o moço que canta com a boca tremidinha e virou o chato mais chato do clube dos chatos): "É que Narciso acha feio o que não é espelho." Ok, espelhos são o máximo, ao menos para mim que sempre adimiti ser vaidosa e convencida. Especialmente um dos meus espelhos, ouso até dizer que é muito mais interessante do que eu.
Mas de qualquer maneira, a diversidade me interessa e é dela que eu quero falar.
Então...pessoas são o que eu tenho de melhor. As minhas. Minhas pessoas e só minhas, que algumas outras que fazem parte do meu dia a dia nem sabem que existem. Mas minhas demais. Elas chegam através de outras, ou por acidente.
Quando eu tinha meus 14, 15 anos, fazia amigas em lojas. Hahah! Puro acidente. Preguiça de ir para o inglês, parei para ver um sapato, já estava atrasada mesmo, papo vai, papo vem, as tres filhas do dono da loja se tornaram minhas super amigas, a quem guardo com o maior carinho até hoje. Se eu tivesse apresentado minha mãe a elas, provavelmente ela me olharia no caminho de volta para casa e diria: " Quem é você afinal, minha filha?" de tão diferentes que elas eram de mim. Tenho amigos em cabeleireiro. Tenho confidentes em academia. Tenho pessoas amadas na padaria. Tenho grandes amigas no shopping. A balconista da lavandeira me liga quando chove para saber se está tudo bem aqui em casa. Eu faço o mesmo pra ela, porque a casa da mãe dela alagou no mesmo dia que a minha. E a mãe dela pergunta por mim com frequência, e me convida para ir na casa dela tomar um café qualquer dia.
Minha melhor amiga nasceu no msn de um amigo do meu filho. Hoje ela é a presença mais forte na minha vida e a filha dela entrou para a minha família. Alguns dos meus amigos e amigas mais amados vieram da tela do meu computador e hoje são reais. Um tão diferente do outro que talvez um encontro coletivo fosse catastrófico.
E existem as surpresas...A menina do blog vizinho, a quem hoje leio com carinho. O moço/espelho/artista que veio da amizade relâmpago com o meu fake e hoje, como diz minha filha, faz parte da vida "do meu off". E os meninos do flog perfeito...Céus, que prazer imenso é lê-los.
Barba Mal Feita é o nome do fotolog que me deixou estupefata um ano atrás. A mesma foto postada todos os dias, com textos incrivelmente bem colocados, sobre assuntos nem sempre importantes, nem sempre reais, mas um exercício maravilhoso da palavra e do conceito de vida. Hoje, numa visita rapida, me deparei com uma das melhores coisas que já li. Barba falava sobre os motivos de um homem se apaixonar por uma mulher...que não são os detalhes que importam. E ele termina assim:
"Quando nos tornamos eu e você na última esfera possível do humano, quando somos praticamente bichos, quase animais irracionais, eu te amo. Eu te amo muito, por completo, totalmente, inteiro, irrestrito. Tudo o que representa ‘eu’ em mim te ama. E só. Tem mais não."
Olha se não é maravilhoso conhecer alguém que trata o amor e a intimidade assim: "Quando nos tornamos eu e você na última esfera possível do humano." Isso bate em vocês como bate em mim? Dá vonta de de gritar EURECA!!! Alguém definiu melhor o que " nos tornamos" quando amamos. E é sim a última esfera do humano. Wow! é lindo! Ou eu sou uma boba...
Mas o que preciso dizer é que se meus amigos fossem classificados por raças, seria imporssível popular a terra. Seria impossível criar guetos, porque cada um deles é de uma raça rara, especial, estranha e única. Tem esses que definem a vida, tem os que alegram a vida, tem os que inspiram a vida, tem os que me fazem viver, tem os que não temem a vida, mas todos enriquecem a minha. Todos eles são brilhantes em alguma coisa. Seja no humor, no pensamento, no companheirismo, na disposição de estar perto quando eu preciso, seja no que for. Mas todos, com suas raças, enchem meus dias ou noites de palavras e sentimentos deliciosos.
Alguns muito muito longe. Outros logo ali do lado. Todos aboslutamente dentro de mim.
Bom dia
P.S.Estou com sono e não vou revisar esse texto. Se estiver tudo errado, I'm so sorry, outra hora eu arrumo.
Beijo amigo no seu umbigo.